segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Não te falei?

Raimundo Nonato chegou bem cedinho na pensão da dona Márcia no Coqueiro. Olhar abatido, uma malinha com rodas mas meio vazia. Era um dia atípico. Eu estava em casa para permitir o teste do cara que pleiteava a minha vaga no emprego e era peixinho dum diretor. E emendei uma prosa com Raimundo Nonato. Ele era de Ananindeua e viera a Belém procurar emprego. Foi parar numa pensão na avenida lateral ao Ver o Peso. O dono rezou um terço na entrada. Nada de luz acesa depois das 22, banhos rápidos, silencio e nem pensar em trazer mulher para o quarto. Rua na hora se ousasse. Acontece que, pelas circunstâncias, Raimundo Nonato estava ha um certo tempo sem dar um tapa numa escova e se ressentia disso. Muito mesmo. Deixou as cousas no quarto e foi ate o armazém da quadra comprar cigarros. Quando viu aquele monumento de loira dando sopa no trecho. No meio da conversa, pediu para atravessar a rua para pegar o tal cigarro quando o simpático balconista alertou. Ih, essa daí é manjada no Ver O Peso. Escandalosa. Quando goza faz um Guaiú dos diabos. Raimundo lembrou das advertências do dono da pensão. Mas a secura gritou mais alto e ele avisou a loirona da advertência sobre mulher na pensão. Ele teve a garantia dela que seria discreta e jamais o prejudicaria fazendo barulho, imagina! Certo de dar uma baixa na libido, Raimundo Nonato levou discretamente a loira para o quarto. Na hora "H" ela agarrou no cabelo dele, colou a boca em sua orelha e começou a dizer primeiro baixinho, mas elevando o tom de voz repetidamente até gritar enormemente: " - não te falei que não ia gritar? Não te falei QUE NÃO IA GRITAR? NÁO TE FALEI QUE NÃO IA GRITAAAARRR???"


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