quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Silêncio dos Inocentes

Há um nítido mau-caratismo na maneira com que as pessoas interpretam as coisas.

Já bem disse Millôr Fernandes, "Democracia é quando eu mando e Ditadura, é quando você manda".

Esse cinismo é visível em São Paulo, com a atualização da planta genérica de valores do Município.

As pessoas admitem que seus imóveis valorizaram, mas não admitem que haja um reajuste no valor cobrado no IPTU, de acordo com a valorização.

Ou seja, para essas pessoas, o seu imóvel pode e deve valorizar, mas o imposto deve ser cobrado de acordo com o rendimento da família.

Assim, o IPTU tem que variar de acordo com a renda do proprietário, não com a valorização do imóvel.

Além do mais, se o imóvel valorizou 300 por cento, só será aplicada uma atualização de 30 por cento.

Desta maneira, 270 por cento, ficam por conta do abreu. Um mega-perdão.




A maioria de quem reclama, diz: '-Se a renda não aumentar, o IPTU não pode aumentar também.'

Neste ponto, a valorização do imóvel, por grande que seja, não conta.

E o tal do IPTU, que é uma taxa fixa e inalterada de um por cento sobre o valor venal do imóvel, cujo reajuste não é na taxa, nem no percentual, mas proporcional à valorização, passa a ser chamado por todos: imprensa, justiça, classe média e classe "A" de aumento.

Aliás, quem tem essa ótica marota, é exatamente quem tem imóveis supervalorizados pela natural melhoria no ambiente urbano onde eles se situam.

Como se isso não bastasse, tem essa brincadeira de 'valor venal' , que é simplesmente um valor fictício, para ser colocado na escritura do imóvel, bem abaixo do valor de mercado, visando pagar menos impostos. Se isso não for cinismo, não sei mais o que é.

Enquanto isso, a imensa maioria de mais de um milhão de proprietários que estavam ou passaram para a faixa de isenção de IPTU, fazem um silêncio pétreo. Não abrem a boca nem para agradecer. Esse, é o famoso 'mondo cane'.