sábado, 19 de julho de 2014

Moderadamente

As coisas boas da vida nem sempre são grandiosas e muito evidentes. Há aquele sorriso na hora certa, aquela palavra de apoio, uma pequena gentileza, um elogio mesmo que velado. Ainda que imponentes, as torres são erigidas por tijolos, blocos, pequenas partes. E se elas forem boas, o conjunto será sólido e duradouro. Mesmo porque prefiro a brisa à ventania, a garoa à tempestade. Por vezes, privilegio e não sem razão, a sutileza. Não precisamos de um sol a pino para sabermos que o dia vai nascer. Não é necessário uma declaração de amor onde basta um olhar. E a palavra adeus pode ser calada e a despedida pode ser marcada por uma singela lágrima. Um poeta lá do fundo da Idade Média disse uma vez, em bom e correito Latim, que nada seca mais rápido do que uma lágrima. Ele sabia o que estava dizendo.

palavras

As palavras, essas intrusas. O silêncio devidamente aplicado vale um discurso maior do que qualquer compêndio. Quando necessário, um breve silêncio diz tudo. Vez em quando, acompanhado de um olhar. Um sorriso ou uma cara feia. E aí mesmo é que não será preciso dizer mais nada. Tenho uma moderada relação de respeito com o silêncio. Principalmente quando ele está a discursar. As vezes penso que chego a compreender a solene postura dos surdos-mudos. Em tese, eles não ouvem. Mas creiam, é só em tese.