segunda-feira, 27 de julho de 2009

Enquanto os togados dizem que trabalham....

Lavrador fica preso 11 anos sem ir a julgamento

O Conselho Nacional de Justiça descobriu o que considera ser um dos casos mais graves da história do Judiciário no país. O lavrador Valmir Romário de Almeida, de 42 anos, passou quase 11 anos preso no Espírito Santo sem nunca ter sido julgado. A reportagem é da Folha de S.Paulo.

Valmir é acusado de ter matado com uma machadada na cabeça um ex-cunhado, em 1998. De acordo com o texto, ele passou por quatro presídios e não teve direito de sair da prisão nem mesmo para o enterro da mãe, em 2007. O tempo que ficou na cadeia é um terço da pena máxima que pode ser aplicada no Brasil (30 anos). Seu advogado, de acordo com a Folha, um defensor público da cidade de Ecoporanga (328 km de Vitória), sempre alegou que ele tinha problemas psiquiátricos, mas nunca pediu um habeas corpus. Valmir confessou o crime e disse à polícia que matou o ex-cunhado porque um dia apanhou dele.

Aberração Jurídica

Se tivesse sido julgado e condenado, pelo tempo que passou na cadeia, Valmir já teria direito a progressão de regime — cumprir o resto em prisão aberta (com a obrigação de se apresentar frequentemente ao juiz) ou semiaberta (quando só dorme na penitenciária).

Abandono

O lavrador só saiu da prisão em maio, quando um assessor jurídico recém nomeado para o presídio em que ele estava, debruçou-se sobre uma pilha de casos e ficou sensibilizado. Em dez dias, conseguiu libertá-lo.

Há muitos casos

Embora seja considerado recorde no país, o caso de Valmir não é único. Segundo o CNJ, 42,9% dos 446,6 mil presidiários cumprem prisão provisória. A situação vem se agravando. Em 1995, menos de um terço (28,4%) dos 148,7 mil presos não tinham sido julgados.

Outros casos excepcionais foram encontrados pelo CNJ. No Maranhão uma pessoa ficou oito anos presa quando sua pena era de quatro anos. No Piauí e em Pernambuco, foram encontrados presos que já haviam sido absolvidos pela Justiça. "Criou-se um mundo a parte. Nesse caso (do lavrador) falharam todos do sistema judicial", disse o presidente do CNJ, Gilmar Mendes em entrevista à Folha.

Para Paulo Brossard, ex-ministro do STF e da Justiça, alguém ficar detido por 11 anos sem ser julgado é inaceitável.

domingo, 19 de julho de 2009

Discurso de José Saramago


Texto lido na cerimônia de encerramento do Fórum Social Mundial 2002


"Começarei por vos contar em brevíssimas palavras um facto notável da vida camponesa ocorrido numa aldeia dos arredores de Florença há mais de quatrocentos anos.

Permito-me pedir toda a vossa atenção para este importante acontecimento histórico porque, ao contrário do que é corrente, a lição moral extraível do episódio não terá de esperar o fim do relato, saltar-vos-á ao rosto não tarda.

Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da igreja.

Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI) os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia, e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém aquele sino dobrava melancolicamente a finados, e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém da aldeia se encontrasse em vias de passamento.

Saíram portanto as mulheres à rua, juntaram-se as crianças, deixaram os homens as lavouras e os mesteres, e em pouco tempo estavam todos reunidos no adro da igreja, à espera de que lhes dissessem a quem deveriam chorar.

O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se.

Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar.

Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto.
"O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino", foi a resposta do camponês.

"Mas então não morreu ninguém?", tornaram os vizinhos, e o camponês respondeu:

"Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta."

Que acontecera?

Acontecera que o ganancioso senhor do lugar (algum conde ou marquês sem escrúpulos) andava desde há tempos a mudar de sítio os marcos das estremas das suas terras, metendo-os para dentro da pequena parcela do camponês, mais e mais reduzida a cada avançada.

O lesado tinha começado por protestar e reclamar, depois implorou compaixão, e finalmente resolveu queixar-se às autoridades e acolher-se à protecção da justiça.

Tudo sem resultado, a expoliação continuou.

Então, desesperado, decidiu anunciar urbi et orbi (uma aldeia tem o exacto tamanho do mundo para quem sempre nela viveu) a morte da Justiça.

Talvez pensasse que o seu gesto de exaltada indignação lograria comover e pôr a tocar todos os sinos do universo, sem diferença de raças, credos e costumes, que todos eles, sem excepção, o acompanhariam no dobre a finados pela morte da Justiça, e não se calariam até que ela fosse ressuscitada.


Um clamor tal, voando de casa em casa, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, saltando por cima das fronteiras, lançando pontes sonoras sobre os rios e os mares, por força haveria de acordar o mundo adormecido...

Não sei o que sucedeu depois, não sei se o braço popular foi ajudar o camponês a repor as estremas nos seus sítios, ou se os vizinhos, uma vez que a Justiça havia sido declarada defunta, regressaram resignados, de cabeça baixa e alma sucumbida, à triste vida de todos os dias.

É bem certo que a História nunca nos conta tudo...

Suponho ter sido esta a única vez que, em qualquer parte do mundo, um sino, uma campânula de bronze inerte, depois de tanto haver dobrado pela morte de seres humanos, chorou a morte da Justiça.

Nunca mais tornou a ouvir-se aquele fúnebre dobre da aldeia de Florença, mas a Justiça continuou e continua a morrer todos os dias.

Agora mesmo, neste instante em que vos falo, longe ou aqui ao lado, à porta da nossa casa, alguém a está matando.

De cada vez que morre, é como se afinal nunca tivesse existido para aqueles que nela tinham confiado, para aqueles que dela esperavam o que da Justiça todos temos o direito de esperar: justiça, simplesmente justiça.

Não a que se envolve em túnicas de teatro e nos confunde com flores de vã retórica judicialista, não a que permitiu que lhe vendassem os olhos e viciassem os pesos da balança, não a da espada que sempre corta mais para um lado que para o outro, mas uma justiça pedestre, uma justiça companheira quotidiana dos homens, uma justiça para quem o justo seria o mais exacto e rigoroso sinónimo do ético, uma justiça que chegasse a ser tão indispensável à felicidade do espírito como indispensável à vida é o alimento do corpo.

Uma justiça exercida pelos tribunais, sem dúvida, sempre que a isso os determinasse a lei, mas também, e sobretudo, uma justiça que fosse a emanação espontânea da própria sociedade em acção, uma justiça em que se manifestasse, como um iniludível imperativo moral, o respeito pelo direito a ser que a cada ser humano assiste.

Mas os sinos, felizmente, não tocavam apenas para planger aqueles que morriam.

Tocavam também para assinalar as horas do dia e da noite, para chamar à festa ou à devoção dos crentes, e houve um tempo, não tão distante assim, em que o seu toque a rebate era o que convocava o povo para acudir às catástrofes, às cheias e aos incêndios, aos desastres, a qualquer perigo que ameaçasse a comunidade.

Hoje, o papel social dos sinos encontra-se limitado ao cumprimento das obrigações rituais e o gesto iluminado do camponês de Florença seria visto como obra desatinada de um louco ou, pior ainda, como simples caso de polícia.

Outros e diferentes são os sinos que hoje defendem e afirmam a possibilidade, enfim, da implantação no mundo daquela justiça companheira dos homens, daquela justiça que é condição da felicidade do espírito e até, por mais surpreendente que possa parecer-nos, condição do próprio alimento do corpo.

Houvesse essa justiça, e nem um só ser humano mais morreria de fome ou de tantas doenças que são curáveis para uns, mas não para outros.

Houvesse essa justiça, e a existência não seria, para mais de metade da humanidade, a condenação terrível que objectivamente tem sido.

Esses sinos novos cuja voz se vem espalhando, cada vez mais forte, por todo o mundo são os múltiplos movimentos de resistência e acção social que pugnam pelo estabelecimento de uma nova justiça distributiva e comutativa que todos os seres humanos possam chegar a reconhecer como intrinsecamente sua, uma justiça protectora da liberdade e do direito, não de nenhuma das suas negações.

Tenho dito que para essa justiça dispomos já de um código de aplicação prática ao alcance de qualquer compreensão, e que esse código se encontra consignado desde há cinquenta anos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, aquelas trinta direitos básicos e essenciais de que hoje só vagamente se fala, quando não sistematicamente se silencia, mais desprezados e conspurcados nestes dias do que o foram, há quatrocentos anos, a propriedade e a liberdade do camponês de Florença.

E também tenho dito que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, tal qual se encontra redigida, e sem necessidade de lhe alterar sequer uma vírgula, poderia substituir com vantagem, no que respeita a rectidão de princípios e clareza de objectivos, os programas de todos os partidos políticos do orbe, nomeadamente os da denominada esquerda, anquilosados em fórmulas caducas, alheios ou impotentes para enfrentar as realidades brutais do mundo actual, fechando os olhos às já evidentes e temíveis ameaças que o futuro está a preparar contra aquela dignidade racional e sensível que imaginávamos ser a suprema aspiração dos seres humanos.

Acrescentarei que as mesmas razões que me levam a referir-me nestes termos aos partidos políticos em geral, as aplico por igual aos sindicatos locais, e, em consequência, ao movimento sindical internacional no seu conjunto.

De um modo consciente ou inconsciente, o dócil e burocratizado sindicalismo que hoje nos resta é, em grande parte, responsável pelo adormecimento social decorrente do processo de globalização económica em curso.

Não me alegra dizê-lo, mas não poderia calá-lo.

E, ainda, se me autorizam a acrescentar algo da minha lavra particular às fábulas de La Fontaine, então direi que, se não interviermos a tempo, isto é, já, o rato dos direitos humanos acabará por ser implacavelmente devorado pelo gato da globalização económica.

E a democracia, esse milenário invento de uns atenienses ingénuos para quem ela significaria, nas circunstâncias sociais e políticas específicas do tempo, e segundo a expressão consagrada, um governo do povo, pelo povo e para o povo?

Ouço muitas vezes argumentar a pessoas sinceras, de boa fé comprovada, e a outras que essa aparência de benignidade têm interesse em simular, que, sendo embora uma evidência indesmentível o estado de catástrofe em que se encontra a maior parte do planeta, será precisamente no quadro de um sistema democrático geral que mais probabilidades teremos de chegar à consecução plena ou ao menos satisfatória dos direitos humanos.

Nada mais certo, sob condição de que fosse efectivamente democrático o sistema de governo e de gestão da sociedade a que actualmente vimos chamando democracia.

E não o é.

É verdade que podemos votar, é verdade que podemos, por delegação da partícula de soberania que se nos reconhece como cidadãos eleitores e normalmente por via partidária, escolher os nossos representantes no parlamento, é verdade, enfim, que da relevância numérica de tais representações e das combinações políticas que a necessidade de uma maioria vier a impor sempre resultará um governo.

Tudo isto é verdade, mas é igualmente verdade que a possibilidade de acção democrática começa e acaba aí.

O eleitor poderá tirar do poder um governo que não lhe agrade e pôr outro no seu lugar, mas o seu voto não teve, não tem, nem nunca terá qualquer efeito visível sobre a única e real força que governa o mundo, e portanto o seu país e a sua pessoa:

refiro-me, obviamente, ao poder económico, em particular à parte dele, sempre em aumento, gerida pelas empresas multinacionais de acordo com estratégias de domínio que nada têm que ver com aquele bem comum a que, por definição, a democracia aspira.

Todos sabemos que é assim, e contudo, por uma espécie de automatismo verbal e mental que não nos deixa ver a nudez crua dos factos, continuamos a falar de democracia como se se tratasse de algo vivo e actuante, quando dela pouco mais nos resta que um conjunto de formas ritualizadas, os inócuos passes e os gestos de uma espécie de missa laica.

E não nos apercebemos, como se para isso não bastasse ter olhos, de que os nossos governos, esses que para o bem ou para o mal elegemos e de que somos portanto os primeiros responsáveis, se vão tornando cada vez mais em meros "comissários políticos" do poder económico, com a objectiva missão de produzirem as leis que a esse poder convierem, para depois, envolvidas no açúcares da publicidade oficial e particular interessada, serem introduzidas no mercado social sem suscitar demasiados protestos, salvo os certas conhecidas minorias eternamente descontentes...

Que fazer?

Da literatura à ecologia, da fuga das galáxias ao efeito de estufa, do tratamento do lixo às congestões do tráfego, tudo se discute neste nosso mundo.

Mas o sistema democrático, como se de um dado definitivamente adquirido se tratasse, intocável por natureza até à consumação dos séculos, esse não se discute.

Ora, se não estou em erro, se não sou incapaz de somar dois e dois, então, entre tantas outras discussões necessárias ou indispensáveis, é urgente, antes que se nos torne demasiado tarde, promover um debate mundial sobre a democracia e as causas da sua decadência, sobre a intervenção dos cidadãos na vida política e social, sobre as relações entre os Estados e o poder económico e financeiro mundial, sobre aquilo que afirma e aquilo que nega a democracia, sobre o direito à felicidade e a uma existência digna, sobre as misérias e as esperanças da humanidade, ou, falando com menos retórica, dos simples seres humanos que a compõem, um por um e todos juntos.

Não há pior engano do que o daquele que a si mesmo se engana.

E assim é que estamos vivendo.

Não tenho mais que dizer.

Ou sim, apenas uma palavra para pedir um instante de silêncio.

O camponês de Florença acaba de subir uma vez mais à torre da igreja, o sino vai tocar.

Ouçamo-lo, por favor."

18/03/2002

domingo, 12 de julho de 2009

Angelina

adaptação em video, do PPS de um_peregrino@hotmail.com

para visualizar melhor, aplique ctrl +


14/01/2010 - 00h51 - Folha de São Paulo

Brad Pitt e Angelina Jolie doam US$ 1 milhão para ajuda humanitária ao Haiti
da Efe, em Los Angeles

O casal de atores Brad Pitt e Angelina Jolie disseram que se sentem "devastados" pelos estragos causados pelo terremoto no Haiti e anunciaram doação de US$ 1 milhão de dólares para ajuda humanitária, informou hoje a revista People.

O dinheiro será destinado à organização Médicos sem Fronteiras, através da fundação Jolie-Pitt, criada pelo casal.

"É incrivelmente horrível uma catástrofe deste tamanho atingir pessoas que sofrem com extrema pobreza, violência e distúrbios durante tantas décadas", comentou Jolie, enquanto Pitt assinalou a importância de uma rápida intervenção perante dramas humanos como este.

"Entendemos que a primeira resposta é cobrir as necessidades imediatas das pessoas que ficaram desabrigadas, sofreram traumas e requerem atenção urgente", declarou o ator.

Os atores declararam sua intenção de trabalhar "muito de perto" com o conhecido músico haitiano Wyclef Jean para apoiar "os esforços humanitários" no país caribenho.

Jean, ganhador de vários prêmios Grammy por colaborações em discos de R&B e rap, é embaixador da Boa Vontade de seu país e fundou em 2005 uma organização solidária, Yelé Haiti, que contribuiu ao arrecadar cerca de US$ 400 mil junto a outras entidades graças a campanhas de doação mediante mensagens de telefone celular.

"O Haiti enfrenta um desastre natural sem precedentes, um terremoto que não se parece com nada que o país tenha experimentado antes. Temos que atuar já", comentou Jean em comunicado.

Pitt e Jolie são conhecidos pelos grandes investimentos que realizam cada ano em programas humanitários através da Jolie-Pitt Foundation.

Em 2009 o casal doou US$ 6,8 milhões a ONGs como Global Health, Human Rights Watch, Armed Services YMCA ou Make It Right Foundation, esta última iniciada por Pitt para a reconstrução de Nova Orleans, cidade americana devastada pelo furacão Katrina.

O terremoto aconteceu às 19h53 (Brasília) de terça-feira e teve epicentro a 15 quilômetros de Porto Príncipe, capital do Haiti. O primeiro-ministro do país, Jean-Max Bellerive, falou nesta terça-feira em "centenas de milhares" de mortos.

O Exército brasileiro confirmou que pelo menos 11 militares do país que participam da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah) morreram em consequência do terremoto.

A brasileira Zilda Arns, fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, ligada à Igreja Católica, também morreu no terremoto.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Pragmatismo


Google translation:
- Hi Grandpa nice, okay? What would you do with two women so hot like us? - With you two I would not do anything, but with four or five of you would open a whorehouse.

O Herói Americano

O que lhe parece 1 trilhão de dólares?

Toda essa conversa de "pacote de estímulos" e "salvamentos financeiros..."


1 bilhão de dólares...
100 bilhões de dólares...

800 bilhões de
dólares...
1 TRILHÃO d
e dólares...


O que isso significa?


Bem, vamos começar com uma nota de $100 dólares.

Atualmente, esta é a maior nota em circulação nos E.U.A.

Muitas pessoas já viram uma delas,

poucos possuem uma no bolso, e é garantia de fazer amigos onde quer que vá.


Um pacote de cem notas de $ 100 dólares é inferior a 1 / 2 polegada de espessura e contém $ 10.000 dólares. Encaixa facilmente no seu bolso e é mais do que suficiente para uma semana ou duas de diversão da pior (ou melhor) espécie.




Acredite ou não, esta pequena pilha abaixo é de US $ 1 milhão de dólares (100 pacotes de $ 10.000). Você poderia colocar esta quantia em um saco de papel de supermercado e passear por aí com ele facilmente.




Enquanto que a merreca de $ 1 milhão parece bem inexpressiva, $ 100 milhões é um pouco mais respeitável. Ele se encaixa perfeitamente em um palete de madeira padrão, veja:




e $ 1 bilhão de dólares... agora parece que estamos chegando a algum lugar...



Em seguida, vamos olhar para um trilhão de dólares. Este número é o que temos ouvido nos últimos meses, nas notícias do mercado financeiro e sobre a crise mundial. O que é um trilhão de dólares? Trata-se de um milhar de milhões. É o número 1 seguido por 12 zeros.




Está pronto para isto? É bastante surpreendente.



Senhoras e senhores ... Eu lhes apresento o tamanho de $ 1 trilhão de dólares ...
(E repare que os paletes são pilhas duplas)
Portanto, da próxima vez que você ouvir alguém falar por aí sobre "trilhões de dólares" ... isso é o que eles estão falando.

Este é o tamanho da conversa!!!


[fonte: O. Catan]

domingo, 5 de julho de 2009

Sociedade dos Poetas Mortos



Quando fui assistir o filme Sociedade dos Poetas Mortos, dei um espetáculo à parte no cinema. Chorei de soluçar, cheguei a chamar a atenção. Ocorre que o enredo do filme tem uma semelhança muito forte com um fato real que reportei no interior de São Paulo, tempos antes de ver o filme.
Depois de uma rápida e desastrada passagem pelo SBT em São Paulo, no tempo do Arlindo Silva no Departamento de Jornalismo, fui parar na Globo em São José do Rio Preto.
A pedido de um amigo, que estava investindo em um jornal semanário na região, por mais de um ano fechei todas as edições aos finais de semana, sem cobrar um tostão, apenas para ajudar.
Um dia, recebi uma sugestão de pauta muito estranha. E acabei fazendo uma das melhores matérias da minha vida.
Na sugestão, dizia-se que todos os professores do CEFAM (Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério) estavam sumariamente demitidos e que a causa da demissão não era algo assim muito correto, nem honroso, apesar de a direção alegar que era porque os professores eram todos engajados no PT e estariam fazendo ativismo político dentro da Escola.
Tudo começou com a chegada de uma equipe nova no CEFAM. No primeiro contato, os alunos ficaram tão encantados, que terminava a aula, a escola fechava, apagavam-se as luzes e ainda assim, alunos ficavam sentados no meio-fio conversando com o professor sobre o tema da aula.
O professor de Geografia trouxe o globo terrestre à sala de aula. Marcou todos os pontos de conflito armado em todo ele e pediu aos alunos que prospectassem (naquele tempo ainda não havia google nem internet) na imprensa todas as notícias pertinentes, para discussão.
A didática do grupo deixou os alunos apaixonados.
Entretanto, houve um efeito colateral ótimo para os alunos, mas muito inconveniente para o derredor.
Começaram as reclamações à direção da escola. Elas provinham das famílias dos alunos.
Os pais reclamavam que os filhos estavam mais questionadores. Mais inquietos. Alguns, de maior posse, praticamente obrigaram o pai a assinar jornais diários de grande circulação.
A família notava que esses alunos do CEFAM já não se dedicavam muito mais às novelas, mas grudavam nos telejornais.
Até a maneira de se vestir, de se relacionar, mudou. Com isso, os círculos tradicionais de amizades também foram se alterando, sob o olhar horrorizado de pai e mãe, que não compreendiam quais terríveis motivos estariam “transtornando” tanto seus filhos. Eles estavam questionando tudo e tendo um comportamento estranho! Mal sabiam esses pais e familiares, que os jovens estavam, na realidade, simplesmente aprendendo a pensar.
Essa alquimia da didática, onde os professores atingiram o estado da arte na transmissão não apenas do saber, mas do interesse intenso pelo conhecimento, era demais para a cidade média do interior.
A matéria se encerrou mostrando um entrevero com um aluno que não apagou a lousa, apesar de valer nota, segundo o novo professor que substituiu o demitido.
O aluno não aceitava que um gesto mecânico de apagar a lousa, fosse motivo para a concessão de nota.
Em resumo, os professores fora de padrão foram banidos, mas deixaram sementes.
Hoje, longe do local e longe da época em que os fatos aconteceram, eu ainda torço, bem lá do fundo da minha alma, para que elas tenham frutificado e se reproduzido.
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quarta-feira, 1 de julho de 2009

Skammen - Obra de Arte Recomendada



Numa narrativa impressionante, crua e sem nenhum resquício da costumeira apologia que o cinema faz do heroísmo nos filmes de guerra, Bergman mostra em Skammen (Shame) a descontrução do caráter e a deterioração da personalidade que o estado de beligerância provoca nas pessoas envolvidas pelo conflito. Um material para fazer parte do currículo escolar em todo o mundo, todo o tempo, posto que não prescreve, uma vez que mostra a distorção da mente pelos horrores da guerra, um fenômeno que pode ocorrer em qualquer quadrante do globo, em qualquer época. Terrível. Entretanto, didático.





Coisas do Brasil:


Fantástica Realidade


Sempre gostei de cinema. E no cinema, sempre apreciei, dentre outros, o gênero "Terror", desde o mais sofisticado até o mais trash.
Uma bela noite, eu ainda era casado, aluguei uma fita de um filme da série Sexta-Feira 13. Já havia assistido a milhares de filmes desse tipo, portanto não me era de nenhuma novidade o que estava fazendo.
De repente, no meio do filme, tive um impulso muito forte de desligar o vídeocassete. Resistí, porque queria ver o final da história. Mas não deu. Desliguei.

Dias depois, como bom aficcionado, fui ao cinema ver outro da série "A Hora do Pesadelo". No meio do filme, contrariado porque meu corpo parecia possuído por uma mola, tive que sair do cinema. Uma compulsão maluca me tirava dalí, muito embora eu quisesse ficar. No momento, não percebi o que se passava.

Meses depois, tive um final de semana prolongado e fui para o meio do mato. Do alto de uma colina, sozinho, sentado em cima de uma pedra, olhando a vastidão de um imenso vale que se pode ver do sítio dos meus tios, pude, finalmente, ter, num relance, uma visão clara do que estava acontecendo comigo.

O perfil tanto do Freddy Krueger quanto do Jason Vorhees é parecido. Eles são praticamente (e aí tem a manutenção do interesse do público) indestrutíveis. E quando se pensa que eles se foram e deixaram as pessoas em paz, eles voltam mais cruéis, mais violentos, mais aterradores. Na verdade, a arquitetura das histórias de Jason e de Freddy, arremete para o videogame. O jogador vai queimando etapas e o nível de dificuldade vai aumentando proporcionalmente.

Então, concluí que eu fizera, em âmbito subsconsciente, uma associação dessas três coisas: a ferocidade dos monstros do cinema, as dificuldades do game e as minhas dificuldades da vida, iguaizinhas, sem tirar nem por: quanto mais eu resolvia, mais complexas e difíceis eram as seguintes. Portanto, também em âmbito sub-consciente, passei a rejeitar aquelas histórias dos filmes de terror, porque não estava simplesmente me entretendo assistindo aquilo: na verdade, eu estava me lembrando o tempo todo de que existiam problemas em minha vida e que eles poderiam, a qualquer momento, ser maiores do que a minha capacidade de resolvê-los, dada a escalada de dificuldades presente no meu dia-a-dia.Nunca mais assisti nenhum filme de terror. eles já estão ocasionalmente na minha vida, não preciso deles no cinema. kkkk




coisas do Brasil:




Em Busca do Pote de Ouro no Fim do Arco Íris

Tenho um certo receio dessa compulsão que as pessoas mais racionais têm de ficar etiquetando tudo, classificando tudo, tentando compreender tudo, em várias e multifacetadas escalas de valores, em variegadas cores de diferentes texturas, odores e sabores. Me faz lembrar da compulsão do personagem de "Uma Mente Brilhante" em colecionar recortes de publicações impressas, colando-as na parede de uma sala, intensa e apaixonadamente. Talvez, em certas ocasiões, essa utilidade seja a mesma. Dou um beijo na minha namorada e imediatamente, o meu sistema cognitivo começa a computar, comparativamente a todos os outros beijos que demos até então, se ele foi fraco, médio, intenso ou apaixonado e em função disso, vou ficar insatisfeito, meio satisfeito, bastante satisfeito ou mesmo feliz! Não vejo muito outra utilidade nisso além de um certo quê de TOC. Acho maravilhosamente e inexplicávelmente bom, se de repente, no meio da multidão do carnaval, dou um beijo na menina bonita sem sequer ficar elucubrando se devo, se não devo, se será bom, se foi bom, ou até mesmo se foi. A racionalização por compulsão pode estragar muita coisa interessante em nossas vidas, desnecessariamente, por invadir situações e caminhos por onde não é necessário trilhar através da compreensão, da catalogação, da interpretação cognitiva. Quando Dom Quixote de La Mancha cavalga em direção ao Moinho de Vento, ele não avalia a possibilidade de tratar-se ele próprio de uma fantasia ambulante e muito menos tem condições de enxergar um sólido moinho de vento no lugar do dragão ou dos gigantes de pedra, sob a pena de pretender desestabilizar o argumento de seu próprio criador Cervantes. Essa loucura mesmo que imaginária, mesmo que ficcional, repele, dispensa, abomina qualquer tipo de compreensão ou análise lógica, filosófica, racional, interpretativa. Quixote, o ser de triste figura, não se enxerga assim e nem poderia. Ele é um cavaleiro de boa estirpe e um herói, em busca de sua amada num castelo perdido em meio à sua tresloucada imaginação. O que somos todos nós, boa parte de nossas vidas, senão caçadores de moinhos de vento? Senão os operários de "Tempos Modernos" atarrachando porcas entre engrenagens e esteiras rolantes, fazendo rir aos outros e a nós mesmos? tenho estas e muitas outras perguntas, muito embora já saiba que o que me basta, é muito mais do que as respostas. A hiper-racionalização pode danificar nosso caminho em busca do pote de ouro no fim do arco-íris.






coisas do Brasil:





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