segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Trompete

O trompete ou pistom é um dos meus instrumentos preferidos. Digo isso como ouvinte, é claro. Quando ele toca, toca fundo. O mundo até parece parar para ouvir o trompete. Ele tem um quê de solene, uma ponta de tristeza mas sabe muito bem mostrar alegria e é totalmente ligado à alma. Ele tem, sim, a candura da flute de Pan e a presença do sax, que perto dele, é apenas um sopro. Ele invade o cérebro pelo ouvido e atravessa o mar de nossas resistências, tocando ao final, dentro do coração.
Toda vez que ouço o trompete, muito embora relaxado ou mesmo desligado, eu me perfilo em espírito para ouvir na posição de sentido. É como se um arauto avisasse solenemente, a chegada de sua majestade, a música. E com ela, o imperador de todos os sentidos, o prazer e também o seu séqüito: a arte, a sensibilidade, a genialidade e a beleza. Apresentados todos pelos sons do trompete, para o qual alguém escreveu dedicadamente a pauta e atrás do qual, sopra a boca de outro artista, colocando no que sai do seu pulmão sobejamente treinado, pedacinhos delicados da própria alma. (pz)

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