domingo, 10 de janeiro de 2010

Penas ao vento


Em uma pequena cidade, um homem, arrependido por ter falado mal de um conhecido, foi até a casa de sua vítima, para apresentar o seu pedido de desculpas, manifestar o quanto injusto ele tinha sido e dizer do seu arrependimento.


O ofendido atendeu-o civilizadamente, aceitou suas desculpas, mas ao ser perguntado se havia alguma coisa que seu detrator arrependido pudesse fazer para se redimir aquele grave erro, além de pedir desculpas, ele fez uma pausa, colocou a mão no ombro do homem e disse calmamente:


- Só quero que você realize uma tarefa. Vai pegar um travesseiro de penas, levá-lo até o ponto mais alto da cidade. Em lá chegando, você deverá rasgar o travesseiro, soltando todas as penas ao vento, sem deixar nenhuma para trás.


O homem não entendeu o motivo do pedido, mas como tinha sinceridade em seu arrependimento, nada questionou, executando fielmente o que lhe fora determinado.


Retornando, ao comunicar a realização plena da tarefa, o ofendido observou:


- Há mais uma coisa que quero que vc faça agora.


- Sim, respondeu o outro. Faço qualquer coisa para compensar o meu erro.


Ao que o bom homem lhe pediu:


- Agora você volta e recolhe todas as penas,sem deixar uma só para trás.


- Impossível! Bradou o arrependido. Não tem como fazer isso!


- Pois é, ponderou o seu interlocutor. Assim também são as calúnias. Depois que as proferimos, inútil tentar desmenti-las, pois são como penas ao vento: irrecuperáveis.