segunda-feira, 25 de março de 2013

Suprimentos de Escritório


Por um breve período, fazendo um bico durante o dia enquanto trabalhava na TV à noite, dentre outras atribuições cuidei da papelaria da empresa. Ao assumir, comecei a fazer 4, até 5 orçamentos de  fornecedores diferentes, para submeter à aprovação do meu diretor.  Um dia, estava em sua sala e tive oportunidade de matar uma enorme curiosidade. Vendo uma brecha na conversa, perguntei. Chefe, o senhor me pede para fazer vários orçamentos para compra de material de escritório, mas nunca aprova os mais em conta, os valores menores. Eu não entendo isso!  E ele, do alto de sua experiência de vida, me explicou então. Disse: "- Os orçamentos mais altos, são de empresas que querem nos explorar. Os mais baixos, de empresas que possivelmente nos fornecerão um produto de baixa qualidade ou simplesmente não conseguirão entregar o que prometeram.   Então, ficamos com as propostas médias, que não são nem altas, nem baixas, mas teremos a certeza de que não estão nos explorando e confiança na qualidade do que compramos e de sua respectiva entrega.  Naquele momento, vi o quanto estava distante da realidade de algo tão simples e banal como o controle de estoque de material para escritório!

domingo, 24 de março de 2013

Dilema

O problema de ter uma arma, é que ninguém compra algo para não usar.

terça-feira, 19 de março de 2013

Um Lugar

Eu quero um lugar onde eu possa afagar um gato meu, sem me preocupar com coisas e pessoas que invadem a nossa vida fazendo exigências. Uns, querem que nos engajemos na luta contra a corrupção. Outros, querem que ajudemos a salvar o animal em extinção. Outros ainda, querem que nos alinhemos contra o sistema financeiro internacional. E todos nos cobram para que saiamos da imobilidade e ajamos como gente grande. Muito nobre, essa posição. Muito procedente essa cobrança. Apenas quero lembrar a todos, que o meu objetivo de vida, é poder afagar um dos meus gatos serenamente, vendo o ocaso, da varanda da minha casa, em algum lugar deste enorme pais. Não me considero uma pessoa que tenha vindo ao mundo para realizar grandes feitos, nem para participar de sagas em prol do bem e da felicidade dos homens. Lembrem-se: quero apenas afagar meu gato em paz. Talvez não se perceba e nem seja de alguma importância aos grandes salvadores do mundo, da pátria e das instituições carcomidas e podres, o fato de eu não ter tido, nos ultimos anos, nenhum gesto para prejudicar seriamente um semelhante meu. Talvez não seja importante a ninguém, que eu tenha procurado ajudar, na medida de minhas condições e posses, a alguém menos favorecido ou a alguém em situação desfavorável, recuperando a sua autoestima e vigor de viver. Talvez isso não importe nem um pouco - e o que queiram é que eu me alinhe aos grandes manifestantes em prol das grandes causas, querendo grandes resultados, procurando saídas espetaculares para a miséria humana. Desculpem. Meu maior objetivo neste momento, é afagar o meu gato, olhando o horizonte e pensando sobre a grande tragédia que é o equívoco recorrente nas relações humanas.

domingo, 3 de março de 2013

visões de mundo

Em algum lugar do céu, vi rolar uma estrela. Ela rolou e sumiu. Foi há 54 anos. Eu estava na sacada do sobrado em que nasci, na esquina da Xavier Ribeiro com Barão de Mota Pais, sentado no colo de dona Mariquinha, minha bisavó. Esqueci quase tudo de minha infância, mas dessa figura da estrela, me recordo sempre. Talvez tenha sido nesse dia, que apareceu a minha permanente curiosidade com relação ao mundo em que vivo e ao Universo que o acolhe. Essa pequena estrela-rolante estartou dentro de mim a necessidade de saber dos fenômenos da superfície, mas também do céu. Que céu era aquele, todo negro e iluminado apenas por aquela miríade de pontinhos cintilantes? Até onde ele ia? Aonde ele nos levava? Cinco décadas depois, tenho a mesmíssima curiosidade ao olhar o céu. As mesmíssimas dúvidas e interrogações. Mas adquiri, entretanto, algumas certezas. A de que não somos nada diante da criação. Que o globo terrestre é apenas um grão de poeira estelar e que há mundos gigantescamente maiores e profundamente diferentes do nosso. Que embora não tenhamos a explicação, há um sentido e uma inteligência coordenando tudo isso e que, diante da eternidade do tempo e do espaço, poderíamos aproveitar melhor as nossas brevíssimas  existências, tornando-as mais dignas e mais justas do que realmente são.