segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Depressão

Tomei conhecimento do caso do Boechat e me lembrei que em 2002 tive um problema parecido. Me recordo que domingo, 31 de março, terminei com minha namorada no Rio. Foi uma volta melancólica para São Paulo. Na segunda, 1o de abril, meu chefe Paulo Ferraz me demitiu da assessoria de imprensa da secretaria de agricultura sem aviso prévio. Eu morava num flat de pobre no bairro da Saude na Capital. Um quarto com banheiro. Fui para casa, me tranquei e fiquei oito longos meses confinado. Não falava com ninguém. Não atendia a porta. Não atendia o telefone. Coloquei uma tabuleta na porta com a seguinte inscrição: é importante? Bata. Meses depois troquei por "agora não!". Cheguei ao cúmulo de ficar 17 dias sem sair nem para colocar o lixo para fora. Quando saia para comprar comida e as pessoas puxavam assunto eu desconversava. No final, me peguei devendo aluguel, telefone desligado, sem um tostão e passando fome. Uma manhã acordei bem cedo, tomei uma chuveirada, esperei dar hora, fui no orelhão do outro lado da rua e liguei para o Malavolta em SP, para o Camarão em CPNS e para o Zé Sidnei em SP. No dia seguinte eu estava contratado como assessor da APTA pelo Zé Sidnei. Anos mais tarde, relatando isso para um amigo, ele sentenciou: não resta dúvida que você teve uma profunda crise de depressão. E saiu dela por si mesmo. Olhei para ele, pensei um pouco e ponderei: - E não é que foi mesmo?

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