sexta-feira, 19 de junho de 2009

Morte e Vida Severina





COISAS DO BRASIL:




A Carta do Chefe ìndio ao Presidente Norte-Americano

Os Índios Duwamish habitavam a zona norte do atual estado de Washington, cuja capital Seattle tem o nome do Chefe Índio que proferiu o discurso em 1854, conhecido como a Carta do Chefe Índio, considerada como um dos mais belos manifestos ecológicos. Após a cessão das terras os índios Duwamish migraram para a reserva Port Madison onde está sepultado o Chefe Seattle.


A carta:
"O Grande Chefe de Washington comunicou-nos o seu desejo de comprar as nossas terras. O Grande Chefe assegurou-nos também da sua amizade e de quanto nos preza. Isso é muito generoso da sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade.
Porém, vamos considerar a sua oferta, pois sabemos que se o não fizermos, o homem branco virá com armas e tomará as nossas terras.
Mas, como pode comprar ou vender o céu e o calor da terra? Tal idéia é estranha para nós. Se não somos os proprietários da pureza do ar ou do resplendor da água, como podes comprá-los a nós?
Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo. Cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada clareira e cada zumbido de insecto são sagrados nas tradições e na memória do meu povo. A seiva que corre nas árvores transporta consigo as recordações do homem de pele vermelho. O homem branco esquece a sua terra natal, quando, depois de morto vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem a beleza desta terra, pois ela é a mãe do homem de pele vermelha. Somos parte destas terras como elas fazem parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs; o veado, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, as seivas das pradarias, o calor que emana do corpo de um pónei e o próprio homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente e que será para nós como um pai e que nós seremos seus filhos. Vamos considerar a sua oferta de comprar a nossa terra, embora isso não seja fácil, pois esta terra é sagrada para nós.
A água cintilante dos rios e dos regatos não é apenas água, é o sangue dos nossos antepassados. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e deverás ensiná-lo aos teus filhos e fazer-lhes saber que cada reflexo na água límpida dos lagos fala do passado e das recordações do meu povo. O murmúrio das águas é a voz do pai de meu pai. Os rios são nossos irmãos, matam-nos a sede, transportam-nos nas canoas e alimentam os nossos filhos. Se vendermos a nossa terra, terás de te lembrar e ensinar aos teus filhos que os rios são nossos e vossos irmãos, e terás de dispensar-lhes a bondade que darias a um irmão.
Nós sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um pedaço de terra vale o mesmo que outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mais sua inimiga, e depois de a conquistar prossegue o seu caminho. Deixa para trás as sepulturas dos seus antepassados e isso não o importa. Apodera-se das terras dos seus filhos e isso não o inquieta. Ele considera a terra, sua mãe, e o céu, seu irmão, como objectos que podem ser comprados, saqueados ou vendidos como ovelhas ou miçangas cintilantes. Na sua voracidade arruinará a terra e deixará atrás de si apenas um deserto.

Assim pois, vamos considerar a oferta para comprar a nossa terra. Se decidirmos aceitar, será com uma condição: O homem branco deverá tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo outros costumes. Eu vi milhares de búfalos a apodrecer na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia de um combóio em movimento. Eu sou um selvagem que não compreende que o cavalo de ferro fumegante possa ser mais importante do que o búfalo que nós, os índios, matamos apenas para o sustento de nossa vida.
O que seria do homem sem os animais? Se todos os animais desaparecessem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais não tarda a acontecer ao homem. Todas as coisas estão relacionadas entre si.
Deverão ensinar aos vossos filhos que o chão debaixo dos seus pés é feito das cinzas dos nossos antepassados. Ensinem aos vossos filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão é sobre eles próprios que cospem.
Uma coisa sabemos: a terra não pertence ao homem, é o homem que pertence à terra. Disto temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si.
Tudo o que acontece à terra acontece aos filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a teia da vida, ele não passa de um fio da teia. Tudo que ele fizer à trama, a si próprio fará.
Mas nós vamos considerar a vossa oferta e ir para a reserva que destinais ao meu povo. Viveremos à parte e em paz. Que nos importa o lugar onde passarem os o resto dos nossos dias ? Já não serão muitos. Ainda algumas horas, alguns invernos e não restará qualquer dos filhos das grandes tribos que viveram outrora nestas terras, ou que vagueiam ainda nas florestas. Nenhum estará cá para chorar as sepulturas de um povo tão poderoso e tão cheio de esperança como o vosso. Mas porque chorar o fim do meu povo ? As tribos são constituídas por homens e nada mais. E os homens vão e vêm como as vagas do mar.
Nem o próprio homem branco pode escapar ao destino comum. Apesar de tudo talvez sejamos irmãos, veremos. Mas, nós sabemos uma coisa, que o homem branco talvez venha a descobrir um dia, o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus dos homens e a Sua misericórdia é a mesma para o homem de pele vermelha e para o homem branco. A terra é preciosa aos olhos de Deus e quem ofende a terra cobre o seu criador de desprezo. O homem branco perecerá também e, quem sabe, antes de outras tribos. Continuem a macular o vosso leito e irão sufocar nos vossos desperdícios.
Mas na vossa perdição brilhareis em chamas ofuscantes acendidas pelo poder de Deus que vos conduziu e que, por desígnios só por Ele conhecidos, vos deu poder sobre estas terras e sobre o homem de pele vermelha. Este destino é para nós um mistério. Não o compreendemos quando os búfalos são massacrados, os cavalos selvagens subjugados, os recantos secretos das florestas ficam impregnados do odor de muitos homens e as colinas desfiguradas pelos fios falantes. Onde está a floresta virgem ? Desapareceu. Onde está a águia ? Morreu. Qual o significado de abandonar os póneis e a caça ? É parar de viver e começar a vegetar.
É nestas condições que vamos considerar a oferta da compra das nossas terras. E se aceitarmos será apenas para ficarmos seguros de recebermos a reserva que nos prometeram. Talvez aí possamos acabar os nossos dias e quando o último homem de pele vermelha tiver desaparecido desta terra, e a sua recordação não for mais do que a sombra de uma núvem deslizando na pradaria, estes lugares e estas florestas abrigarão ainda os espíritos do meu povo. Assim se vendermos as nossas terras amai-as como as temos amado e cuidai delas como nós cuidámos. E com toda a vossa força e o vosso poder conservem-na para os teus filhos e amem-na como Deus nos ama a todos.
Sabemos uma coisa: o nosso Deus é o mesmo Deus. Ele ama esta terra. O próprio homem branco não pode fugir ao mesmo destino. Talvez sejamos irmãos, veremos." 


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Lembranças - Katia





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Cinema - curta em 35mm








O diretor Fernando Watanabe avisa:

O curta-metragem "Danças" irá estrear no 4o CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto - MG, na noite de segunda-feira, dia 22.

DANÇAS (Experimental, 35mm, 19min, SP, 2009)

ELENCO
Renata Grazzini, Vanessa Monteiro , Sérgio Pontes, Manoel Lima, Pedro Zeballos e João Vítor

FICHA TÉCNICA


Argumento e Direção - Fernando Watanabe
Direção de Fotografia - Wagner Montes
Direção de Arte - Laura Carvalho
Som Direto - Fabiana W. Ota
Edição de Som - Ricardo Reis
Figurino - Giuliana Foti
Montagem - Fernando Watanabe e André Luiz Brás
Ass. de Direção - Olívia Brenga
Direção de Produção - Juliana Munhoz
Produção Executiva - Eliane Bandeira
Produção - Anhangabaú Produções Ltda. ME






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Sobre leis e diplomas





A imprensa é como a bomba atômica: em mãos erradas, pode ser um desastre.
J. Cristo, do alto de sua divindade, acertou na mosca quando disse que "O que faz mal não é o que entra pela boca, mas sim o que sai dela". Os meios de comunicação compõem uma faixa intermediária de influência na sociedade a que se chama de "Quarto Poder". Essa influência, se bem usada, pode resultar na queda de governantes, como o caso Watergate. Se mal usada, pode resultar em coisas inomináveis e tão horríveis quanto o famoso caso da Escola Base.
Sou jornalista profissional com registro no Ministério do Trabalho. Sou contra o fim do direito de resposta regulamentado pela Lei de Imprensa e pelo excesso de liberdade proveniente da recente extinção da lei. Assim como há abusos em todos os setores da atividade humana, há também abusos no jornalismo. A Lei de Imprensa que extinguiram era tão fraca, falha e tão omissa, que absolutamente ninguém da imprensa foi acusado, investigado e muito menos punido pela criminosa destruição de vidas de inocentes, no tenebroso caso da Escola Base em São Paulo. Sugiro a leitura do livro do jornalista Alex Ribeiro "Caso Escola Base - Os Abusos da Imprensa" com Prefácio de Carlos Brickmann - Editora Ática ISBN 85 08 05508 0
Por outro lado, apesar de parecer uma reserva de espaço profissional, a exigibilidade do diploma é algo bastante razoável e, na maior parte das vezes, contribui para a melhoria na qualidade do serviço prestado à população. Quando foi instituído o primeiro curso superior de jornalismo no Brasil, em 1979, já fazia 10 anos que eu exercia profissionalmente a atividade. Tive um processo no Ministério do Trabalho, através da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo, que durou dois anos. Foram in-loco verificar se realmente eram verdadeiras todas as minhas afirmações e narrativas de trabalhos em veículos de comunicação, não bastaram comprovantes xerocados e autenticados. Um fiscal do Ministério foi até a TV Marajoara em Belém do Pará, para verificar nos livros de registro de pessoal a minha passagem por lá e verificou, com uma funcionária antiga, se realmente eu exercera a tal função de editor de texto no Telejornalismo da Emissora. Também foi feito isso no sul de Minas, onde fui editor numa rádio. Ou seja, o Ministério do Trabalho aceitou, depois de dois anos de investigação, que eu realmente era um profissional e me concedeu, em 1992, o registro definitivo.
Entretanto, modéstia às favas, me considero uma honrosa excessão. Quando trabalhava em TV, via os meninos e meninas recém-saídos de cursos superiores de jornalismo, totalmente perdidos nas redações, sem a mínima noção do que fazer, como fazer, quando fazer. O real aprendizado começava então, ali, na redação da TV e contava como professores reais, efetivos, que éramos nós, os mais antigos, e ainda assim os que se propunham a ter paciência de ensinar, de transmitir o conhecimento, porque nem todo jornalista é um pai ou uma mãe, há controvérsias.
Fui coordenador do CRAV - Centro de Recursos Audiovisuais do Instituto de Comunicação de uma Universidade e presenciei coisas surreais, como aquela professora da disciplina de Prática de TV, pós graduada por Sourbonne, na França, mas cuja experiência máxima tinha sido um mês de cobertura de férias como rádio-escuta numa emissora regional. Claro que o que essa professora ensinava eram altas teorias e nada realmente de prática. Apesar de tudo, a exigibilidade do diploma propicia ao jornalista uma base, mesmo que essa que narrei, a qual, na pior das hipóteses, é bem melhor do que nada. Aquelas pessoas com dom, que são instruídas e informadas a ponto de dispensarem o diploma para exercer a função com algum desempenho, existem, sim. mas não são, em absoluto, a regra. A maioria precisa de uma base mínima para começar no ofício.


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