sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

A Vingança do Usuário

Esta piada foi idealizada por um morador de São José do Rio Preto. É uma pequena obra de total ficção, qualquer semelhança com pessoas, nomes e fatos da vida real, é mera coincidência.

Dono da Santa Luzia, voltando de seu haras no Mato Grosso, morre em função de uma pane no helicóptero que o transportava. Ao ir para o céu, foi pensando, esperançoso: "Poxa, eu, um empresário dos transportes, sempre facilitando a vida das pessoas, levando e trazendo a população em seu dia a dia, do trabalho para casa, de casa para o trabalho, nos feriados e finais  de semana para o lazer... Bem que mereço mesmo um lugarzinho no céu".  São Pedro revirou a lista com nomes. Nada de encontrar o dele. "Desce!" concluiu o santo porteiro. Lamentando o ocorrido, o empresário desce. Ao chegar na porta do inferno, um movimento descomunal. Diabão porteiro olha na lista e sem dificuldade, vê o nome do empresario logo no começo. E diz: "Tá vendo aquele banco ali no corredor? Sente-se lá por favor e aguarde."  Em meio aquela movimentação toda, notou que as pessoas chegavam, davam o nome, o diabo conferia e já entravam imediatamente, sem maiores problemas. Leu a Veja inteirinha, fumou um maço de cigarros e nada. Resolveu tirar limpo. Se aproximou do diabão e com a indignação de quem está sendo preterido, disse: "Poxa, eu, um empresário dos transportes, sempre facilitando a vida das pessoas, morro, vou para o céu e sou rechaçado, venho para cá o meu nome é o primeiro da lista, mas estou há horas esperando para entrar!"  O diabo, com a calma dos bons porteiros, apascenta o falecido: "- Meu senhor, o senhor é um hóspede especial. E não entrou ainda, porque não vai ficar aqui, aqui no inferno. O senhor vai para os quintos dos infernos e lá é muito longe. Por isso, contratamos uma empresa de onibus lá de Rio Preto, para fazer o transporte, mas ela tem uns onibus velhos, caquéticos, com motorista e cobrador muito mal educados que vivem atrasando e até mesmo matando rodada, é um inferno! 

O Acidente do Pedreiro Português

Uma companhia de seguros portuguesa estranhou que um operário tivesse sofrido tantas fraturas em um determinado acidente e solicitou que o mesmo justificasse claramente o que havia acontecido. Dizem que o fato é verídico e que esta narrativa foi obtida através de cópia dos arquivos da tal companhia seguradora envolvida. 

"Excelentíssimos. Senhores,

Em resposta ao seu gentil pedido de informações adicionais, esclareço que no quesito número 3 da comunicação do sinistro mencionei "estar tentado fazer todo o trabalho sozinho" como causa do meu acidente. Em vossa carta V. Sas. me pedem uma explicação mais pormenorizada, pelo que espero sejam suficientes os seguintes detalhes:

Sou assentador de tijolos e no dia do acidente estava a trabalhar sozinho num telhado de um prédio de seis (seis) andares. Ao terminar meu trabalho, verifiquei que havia sobrado 250 kg de tijolos. Em vez de os levar a mão para baixo (o que seria uma asneira), decidi colocá-los dentro de um barril, e, com ajuda de uma roldana, a qual felizmente estava fixada em um dos lados do edifício (mais precisamente no sexto andar), descê-lo até o térreo.

Desci até o térreo, amarrei o barril com uma corda e subi para o sexto andar, de onde puxei o dito cujo para cima, colocando os tijolos no seu interior. Retornei em seguida para o térreo, desatei a corda e segurei-a com força para que os tijolos (250kg) descessem lentamente.

Surpreendentemente, senti-me violentamente alçado do chão e, perdendo minha característica presença de espírito, esqueci-me de largar a corda. Acho desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade.

Nas proximidades do terceiro andar dei de cara com o barril que vinha a descer. Ficam, pois, explicadas as fraturas do crânio e das clavículas.

Continuei a subir a uma velocidade um pouco menor, somente parando quando os meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente, nesse momento já recuperara a minha presença de espírito e consegui, apesar das fortes dores, agarrar a corda. Simultaneamente, no entanto, o barril com os tijolos caiu ao chão, partindo seu fundo. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25kg.

Como podem imaginar comecei a cair vertiginosamente, agarrado à corda, sendo que, próximo ao terceiro andar, quem encontrei? Ora, pois, o barril que vinha a subire. Ficam explicadas as fraturas dos tornozelos e as lacerações das pernas.

Felizmente, com a redução da velocidade de minha descida, veio minimizar os meus sofrimentos quando caí em cima dos tijolos embaixo, pois felizmente só fraturei três vértebras.

No entanto, lamento informar que ainda houve agravamento do sinistro, pois quando me encontrava caído sobre os tijolos estava incapacitado de me levantar, porém pude finalmente soltar a corda. O problema é que o barril, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em cima de mim, fraturando-me as pernas.

Espero ter fornecido as informações complementares que me haviam sido solicitadas. Outrossim, esclareço que este relatório foi escrito por minha enfermeira, pois os meus dedos ainda guardam a forma da roldana.

Atenciosamente,

Antonio Manuel Joaquim Soares de Coimbra."