sábado, 30 de abril de 2011

A Gota e o Oceano. (by Pedrão)


Um dia, a gota decidiu englobar o oceano. E na sua imensa sabedoria, a natureza pretendeu explicar à gota, que ela era a parte mais importante do mar, que em si só, continha todas as suas características! Aliás, que ela era o próprio oceano. Mas que jamais poderia conter todo ele em si, apesar de sê-lo em sua plenitude. Atingida em seu brio, contrariada em sua vontade, a preciosa, mas geniosa gotinha, resolveu romper com todos esses princípios tolos que envolvem as praias, as ondas, a superfície do mar e disse bem alto, para que se ouvisse até do outro lado do mundo: "Eu não acredito em Oceano!"

sábado, 23 de abril de 2011

Vamos conseguir!

Uma boa escola, talentos abundantes, aproveitamento humano, plena aplicacao de potencial intelectual, um acerto aqui, outro acola e pronto. Nasceu a Embraer, filha legitima do ITA de Sao Jose dos Campos.

Entrando em um nicho que era desprezado pela industria aeronautica norteamericana e europeia, o Brasil se consolidou como um dos mais confiaveis fabricantes de aeronaves comerciais de pequeno porte para aviacao regional em todo o mundo, passando, definitivamente, a antiga "dona" desse mercado, a canadense Bombardier, para tras.

Esse caminho e de uma arquitetura infalivel. Se quisermos conquistar espaco em Tecnolgia da Informacao, p.ex., teremos necessariamente que ter boas escolas formando esse contingente que ira inserir o Brasil nesse contexto.

A formula e simples, objetiva, conclusiva e praticamente infalivel. A construcao civil sofre a falta de engenheiros, porque os jovens nao estao se interessando pela profissao e tambem porque o incentivo a formacao academica nessa area, e bem sutil, se e que existe.

Isso se aplica a outras areas da atividade nacional.

Primeiro, temos que ter escolas suficientes em todos os niveis. Depois, ter boas escolas. Em seguida, ter um programa de formacao e aperfeicoamento de professores com claro e inequivoco incentivo do governo.

E financiar para valer os estudos de nossos jovens, sem essa timidez dos programas abertos ate hoje, que mais servem para desiludir do que para incentivar.

Nao e possivel que pagando em impostos 40 por cento de tudo o que produzimos - o governo nao tenha de onde tirar dinheiro para isso. Ate para salvar da bancarrota banco falido, tem fundo especial!

E preciso tambem, uma injecao de animo no cidadao brasileiro, que anda com o amor proprio e com a autoestima assim, meio que avariados.

O Brasil conseguiu se sobressair na industria aeronautica, porque esses fatores assinalados acima, foram de uma maneira ou de outra, perseguidos no Vale do Paraiba.

Agora, precisamos distender o que deu certo ali, para outras areas do conhecimento e da atividade humana no pais.

Isto feito, teremos, finalmente, dado o primeiro passo para levantar o gigante de seu berco explendido.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Morrer de Amor


Entrevistou o marchal Tito, na ex-Iugoslávia.

Cobriu fatos e conflitos em todo o mundo.

Foi correspondente internacional do então poderoso sistema de comunicação de Assis Chateaubriand, passando bom tempo em Nova York fazendo matérias para a Rede Tupi de Televisão.

Teve grande furos de reportagem publicados na revista O Cruzeiro.

Esse, um modesto perfil do meu amigo.

Passando férias em minha pequena cidade natal, encontrei-o, aposentado, na praça da matriz, sentado com amigos num banco da praça.

Zé Carlos era um contador de histórias.

De vasta cultura, homem muito viajado, era uma enciclopédia ambulante e todos gostavam de escutá-lo.

Mas aquela convivência daqueles dias, me deu um outro perfil do homem.

Por trás daquele falante, havia um solitário.

Divorciado, morava só em uma bela casa, muito bem equipada com todo conforto, tinha um bom carro, uma excelente aposentadoria.

Se dava ao luxo até de pagar uma linda e jovem secretária para cuidar de suas coisas.

Um domingo, me convidou para almoçar em um excelente restaurante de uma cidade vizinha. Dar um passeio, explicou.

Naquela época, eu fumava uns dois ou três maços de cigarros por dia e o Zé a toda hora, me pedia para cheirar o meu cigarro.

E cheirava, cheirava, enquanto explicava toda vez: você sabe, meu médico me disse - ou você pára de fumar, ou morre. Preferi o mais razoável, mas rapaz! que vontade que eu sinto! Não passa nunca!


E a gente ria.

Em toda a nossa conversa, acabei sabendo que o meu amigo jornalista tinha uma paixão.

Era uma paixão secreta, que ele não contava prá ninguém.

Ele tinha todo um cuidado em observá-la de longe, pedir a certas pessoas para vigiá-la, contar onde foi, o que fez.

Eu achava muito divertido, um senhor como o Zé Carlos, ter essas atitudes e posturas juvenís.


Ele adorava ouvir Luciano Pavarotti cantar Caruso, que na época , fazia muito sucesso por fazer parte de trilha de novela da TV.

O Zé Carlos ouvia e dizia que um dia, iria ouvir com sua amada, juntinhos...


As minhas férias acabaram, voltei para São Paulo e fiquei afastado uns dois anos.


Aproveitando uma folga e pelo tempo decorrido, resolvi voltar e passar uns dias na casa de meus pais.

Depois de uma noite muito bem dormida, desci até a praça e me alojei confortavelmente num banco, respirando o ar puro da serra e aproveitando a tranquilidade do lugar.

O pessoal foi chegando.

Em determinado momento, perguntei:

gente, alguém sabe do Zé Carlos?

Ao que um respondeu

- você não sabe? Faz quase um ano que ele morreu.


Fiquei pasmo.

Mas o que aconteceu, perguntei curioso.

Ah, ele passou mal e não resistiu. Também, voltou a fumar!


Dei uma desculpa e me afastei, indo para outro lado da praça.

Sentei noutro banco e fiquei matutando, até me tocar que o Zé Carlos havia dado cabo da própria vida. Se ele sabia por orientação médica que sua saúde pioraria gravemente se voltasse a fumar...

Ele era informado o suficiente para não se iludir de que se voltasse a fumar não iria ter sérios problemas. Não, ele não correria esse risco.


Dias depois, veio a confirmação em uma frase lacônica, solta no meio de uma conversa, proveniente de um amigo comum:

Ah, o Zé Carlos não admitia, mas ele era apaixonado pela ex-mulher e ela definitivamente não queria mais saber dele.

Agora, toda vez que ouço Pavarotti cantando Caruso, me lembro do Zé Carlos, que Deus o tenha!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Chaplin e a Vida


"A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso. Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara pra faculdade. Você vai pro colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando... E termina tudo com um ótimo orgasmo!!! Não seria perfeito?" (Charles Chaplin)


Pensamento

O covarde só ameaça quando se acha em segurança. (Goethe)

Foco no problema e foco na solução


Quando a NASA iniciou o lançamento de astronautas, descobriram que as canetas não funcionariam com gravidade zero. Para resolver este problema contrataram a Andersen Consulting (hoje Accenture). Empregaram uma década e 12 milhões de dólares desenvolvendo uma caneta que escrevesse com gravidade zero, ao contrário e de ponta cabeça, debaixo d'água, e em praticamente qualquer superfície, incluindo o cristal , e em variações de temperatura desde abaixo de 0 até mais de 300 Celsius... Já os russos, utilizaram um lápis ...


[txt from: http://www.jhendrix.net/girlsinboots/weblog/]

VOLTA, MARIA!

Um rapaz esquálido, barba por fazer, olhar triste está parado do lado de fora da porta do escritório. Ele fala baixo. Tem uns papéis na mão. Mostra um, todo amarfanhado. Tem uma foto de uma mulher e um texto. O rapaz explica que está à procura da irmã. Desapareceu em Diadema, dia 11. Está preocupado, porque ela "tem problema de cabeça" e não levava agasalho. "-O sr sabe como é. Está chovendo, fazendo frio de noite. Eu tenho medo de que minha irmã esteja passado um mau bocado."

João quer cópias xerox do cartazete formato A4 que traz consigo. No escritório da frente foram generosos e, entendendo que ele é pobre e não pode pagar, deram-lhe uma cópia. Há muitos escritórios no centro. Ele espera conseguir várias cópias até o fim do dia.
Meu velho e combalido coração dói ao ver aquilo. Não tenho irmã, muito menos deficiente mental. Mas imagino como seria se tivesse e ela sumisse um dia. Compro a briga. Digo a ele: "- O senhor se importa em deixar esse original comigo? Aqui no escritório a economia tá braba, não dá para fazer muitos, mas em casa tenho uma impressora, tinta e papel. Posso fazer uns 100 cartazetes desses sem probema, mas só para segunda-feira." Era sexta. Os olhos dele brilharam e esboçou um sorriso. Topou. "- Moro no centro, aqui pertinho e vou fazer os cartazetes para o senhor. "

Meu destempero emocional já se revela de cara. São 3 telefones com 3 nomes de parentes para informações. Já começo fazendo 50 cópias de cada, um telefone por série. Aí eu penso que o João poderia não gostar. Faço mais 150 com os tres telefones juntos. Total, 300 cartazetes. Ligo para avisar que estavam prontos. João não tem fita adesiva para afixar os cartazetes nas ruas de Diadema. Vou à papelaria e compro tres rolos de 50 m de fita adesiva e coloco tudo na pasta. Agora, Maria vai ser encontrada e vai voltar.
Entregue o serviço, esqueço tudo, há muito trabalho a ser feito no escritório. Na semana seguinte, me interno no Hospital para retirar um catéter do rim.

No meio da tarde, a minha filha liga. "-Pai, você não vai acreditar. Eu estou a duas quadras daqui de casa e encontrei a Maria."

- O quê?

- encontrei a Maria, pai. A mulher do cartaz. Ela estava parada na rua aqui perto de casa. Tenho certeza que é ela.
- Não é possível!

- É ela sim.

- Pergunte a ela se o irmão dela se chama João. (momento)

- Pai, ela tá dizendo que um irmão se chama João e o outro Paulo.

- Então pode ser ela mesma. Tem um posto policial aí na esquina. Leva ela até lá e vá até em casa, abra meu computador e verifique os números dos telefones dos familiares, anote e traga para os policiais.

- Tá, pai. Tou indo. Beijo.
- Beijo.

Meia hora depois, a "Maria" está entregue aos policiais e a minha filha volta ao trabalho.

Ela encontrara a mulher que poderia ser a Maria porque fora ao banco fazer um depósito para a firma onde ela trabalha.

No dia seguinte, o João me liga.

"- Seu Pedro, quero agradecer a sua filha por ter encontrado a Maria. Ela já está em casa e está bem."

Meu coração gelou e o queixo caiu. Afinal, essa história está mais para enredo de novela mexicana do que para a realidade.

Absolutamente inverossímil. Mas aconteceu. Parece que alguém do lado de lá percebeu que a pessoa mais interessada na volta de Maria depois dos familiares era eu. Sinceramente. Sem nenhum interesse outro senão o bem estar dela, a quem nunca vi.
Então resolveram que, num conglomerado de 29 municípios com mais de 19 milhões de habitantes, a Maria fosse encontrada no centro de São Paulo, a muitos quilômetros de Diadema e ao lado de minha casa - e para o cúmulo da coincidência, por minha filha. Pois é. Fato verídico, apesar das aparências.




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Seção:
stupor
mundi furorem









Pensamento

"Quanto menos inteligente um homem é, menos misteriosa lhe parece a existência." (Arthur Schopenhauer )

Fahrenheith 451


A vida está cheia de supresas surrealistas. Até os modelos e dados aparentemente mais HARD são frequentemente baseados em suposições SOFT, sobretudo quando estes se relacionam com assuntos humanos. (...) A caracteristica verdadeiramente revolucionária do conhecimento é que pode ser apreendido também pelos fracos e pelos pobres. O conhecimento é a fonte de poder mais democrática, o que o torna uma ameaça contínua para os poderosos. [in "Powershift" - Alvin Toffler ]

domingo, 17 de abril de 2011

Governo Digital, Povo Analógico.



Os governos estão perdendo uma formidável oportunidade de democratizar o acesso do cidadão a informações oficiais que já sejam de domínio público e mais: evitar o indefectível desgaste do interessado nos casos de atendimentos que dispensem o caráter presencial.

Não falta tecnologia, não falta infra-estrutura. Falta apenas mentalidade, vontade política e visão administrativa, não exatamente nesta ordem. A postura dos governos com relação ao cidadão, em termos de comunicação, está ainda na idade do bronze, com a exposição de informações governamentais em portais na Internet. Isso pressupõe que cada indivíduo, cada morador de uma cidade, tenha um computador em casa, o que, efetivamente, anda bastante longe da verdade. Por outro lado, existem algumas iniciativas isoladas de marcação de atendimento por telefone em diversos setores do seviço público em seus vários níveis. Oras , isso pode ser muito mais simples e ao mesmo tempo, muito mais sofisticado!

Se, em cada espaço público, através da rede de telefonia fixa, e/ou ainda conjugando a conexão por terminais em Wi-Fi e redes em WiMax, houvesse um ponto de acesso do cidadão ao sistema governamental, cujo cadastro teria seus dados pessoais e um nome de usuário e senha, seria muitíssimo mais fácil não só escutar a voz do cidadão, levantar estatísticas até para redirecionar procedimentos na área de políticas públicas, mas também encaminhar soluções pontuais, o que é extremamente importante, numa época em que a pessoa comum se sente massivamente órfã dos poderes legalmente constituídos em todos os níveis e de todas as formas. E esses poderes poderiam se unir, para esse tipo de atendimento, uma vez que há problemas distintos em cada esfera de governo, cujas vítimas são as mesmas pessoas. Não existe cidadão federal, estadual ou municipal. Existe cidadão e só.
Agendar consulta médica, exame laboratorial, sem ter que passar pela sempre vexaminosa fila dos hospitais. Saber sobre a Nota Fiscal Paulista. Pedir uma informação sobre determinada obra publica sob responsabilidade de uma Subprefeitura. Informar-se sobre uma Operação Urbana. Pedir um levantamento do INSS. Falar com a Receita Federal. O rol de exemplos de atendimento possível através de terminais eletrônicos com áudio e vídeo em próprios municipais, estaduais e federais, se estende a um numero próximo ao infinito. Isto, sem pretender que a faixa mais pobre da população, compre "na marra" o seu computador, para ter esse tipo de contato com os poderes públicos em casa, endividando-se até o pescoço nas lojas de eletrodomésticos que atuam em informática.



coisas do Brasil


sábado, 16 de abril de 2011

Trem bala, verdadeiro tiro de canhão.

(clique na imagem para ampliar)




Desde quando aconteceu o lamentável desastre com o avião da TAM em Congonhas SP, as autoridades vem falando de desafogar os aeroportos de SP aproveitando a capacidade ociosa de Viracopos, em Campinas.




Na época, em paralelo com a idéia de fazer uma ferrovia de alta velocidade entre SP e Campinas, fizemos um trabalho para ser apresentado ao então governador José Serra, sugerindo uma alternativa tecnologicamente mais econômica, rápida, simples e prática para ligar esses aeroportos. Não sei se o assunto acabou chegando mesmo até o governador.




Trata-se de uma solução de curtíssimo prazo e de maleabilidade a toda prova. Apresentamos a sugestão de ligar esses movimentados pontos de SP (Congonhas e Guarulhos) com Campinas através de uma ponte aérea exclusiva para helicópteros de grande porte. As mais fortes vantagens dessa solução, seriam a possibilidade de se iniciar com poucas unidades e ir expandindo de acordo com a demanda, possibilidade de 'esticar' as rotas do Rio de Janeiro a Bauru e/ou São José do Rio Preto, p.ex, e implantabilidade em questão de meses, contra décadas da ferrovia, além da exigibilidade uma infraestrutura muitíssimo mais modesta.




Sugerimos o S-92, que na época ainda não havia sido homologado no Brasil, um turbohélice para 19 passageiros, da Sikorsky. Entramos em contato com os representantes da empresa no Brasil, que nos mandaram material para desenvolver a argumentação.




Quando soube na semana passada que o trem bala custará R$ 30 bilhões, quase caí da cadeira. Daria para comprar algo em torno de 900 (novecentos) helicópteros S-92, o que, obviamente, seria totalmente desnecessário.




Mas não adianta querer ser mais realista que o rei. Vai demorar muito, vai ser mais caro, mais complicado, mas 'suas majestades' assim o preferem, quem sou eu para dizer não?

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sãopaulofobia


São Paulo tem alguns pontos frágeis, quando se trata de notícia.

Acontece que minha ex-noiva morria de medo de vir para São Paulo comigo e não era por causa do meu olhar de tarado não.

A carioquinha da Barra da Tijuca conhecia a minha cidade apenas pelo noticiário, principalmente de televisão e o que ela construiu mentalmente como a face de São Paulo era algo monstruoso:
“Não se pode andar na rua que na primeira esquina somos assaltados.” dizia ela, demonstrando medo no olhar.

“Quando chove, inunda tudo.” Complementava.

E para fechar com chave de ouro:

“Só tem engarrafamento nas ruas, não se anda em São Paulo!"

Bem, São Paulo é tão grande, tão pródiga, que tem tudo isso e muito mais, sim senhor.
Tem assaltos, inundações, trânsito péssimo.
Mas não é dessa maneira tão abrangente e absoluta como as pessoas de fora imaginam.


Moro bem no começo da zona sul e quando as marginais dos rios Pinheiros e Tietê ficam alagadas por causa da chuva forte, aqui no meu bairro por vezes não caiu nem uma gota.

Mas a gente vê no noticiário, sem a menor cerimônia:

“- São Paulo sofre debaixo dágua” como se toda a cidade estivesse alagada, o que, para quem sabe realmente do tamanho dessa megalópole, seria uma tragédia inominável, caso acontecesse de verdade.
Quando a avenida 23 de Maio está parada com milhares de carros entupindo as suas pistas, na Domingos de Morais, ou avenida do Estado, duas artérias proximas da 23, por vezes está tudo normal.
Quando num bairro relativamente próximo do meu, por exemplo Santo Amaro - explode um caso de violência, um homicídio ou chacina, o resto da cidade trabalha e muito para se sustentar e está na mais perfeita paz.
Acontece que a culpa dessa imagem distorcida que o morador de outros Estados tem de São Paulo é de certos setores da imprensa, que carregam bastante na tinta para vender jornal ou para manter audiência de rádio e TV.

No Rio de Janeiro, colocam a miséria da favela no morro e bem em frente, constroem descuidadamente condomínios de luxo.
No meio, abrem uma larga avenida.

É claro que nesse local, poderá haver mesmo assaltantes, balas perdidas e outras mazelas.
Mas entre o morro e a praia, há uma imensa faixa de cidade absolutamente calma e pacífica. Entretanto, quando ligamos a TV, vemos no noticiário:

"o Rio é uma cidade extremamente violenta."

Errado.

O Rio tem bolsões de tensão, locais realmente perigosos, casos verídicos de extrema violência, mas em 95% da zona urbana trata-se de uma movimentada mas pacífica região metropolitana, com toda a simpatia e alegria do carioca.
Em São Paulo as pinceladas carregadas da mídia por vezes fazem com que as pessoas que nunca estiveram por aqui, imaginem que qualquer via pública num bairro da zona leste, oeste, norte, sul ou mesmo central é uma terra de ninguém, domínio de bandidos onde não se pode andar em plena luz do dia, sob pena de tombar vítima de uma bala perdida ou ser assaltado na primeira esquina ou até mesmo ser seqüestrado, possibilidade esta que é o pesadelo da moda de todo cidadão classe-média deste País.
Na verdade, a polícia sabe disso e sempre alerta os cidadãos:

os ladrões de qualquer lugar do Brasil chamam a vítima de “otário”.
Essa terminologia é fruto de toda situação onde nos colocamos como ingênuos, incautos ou facilitadores da ação do marginal, possibilitando sobremaneira que ele aja, seja este um simples trombadinha ou um experimentado assaltante de bancos e seqüestrador.

O habitante de uma região metropolitana tem obrigação de saber de cór e salteado todo o procedimento para não facilitar a ação do bandido.
Em qualquer metrópole, se der bobeira e andar com pose de novo-rico, ostentando jóias, relógios caros, carro importado... fatalmente o cidadão em questão será uma vítima em potencial de qualquer malaco que porventura cruzar o seu caminho.
Quanto à chuva, a área da região metropolitana é tão extensa, que com toda certeza, há dias em que teremos simultaneamente em pontos diferenciados dessa enorme região, fenômenos climáticos que caracterizem todas as 4 estações.

Pode ser também que acordemos às 6h da manhã com 16 graus de temperatura ambiente, comecemos a trabalhar às 8h com 21 graus e cheguemos às 2h da tarde com muito sol e 28 graus, mas de repente, o tempo feche, tenhamos quase noite às 4h da tarde e a temperatura caia para 15 graus centígrados ás 5h da tarde, por causa da chuva fria e do vento em pleno mês de Dezembro!

Mas nada disso impede que a mocinha tenha ido tomar o seu banho de sol no Ibirapuera, que o carteiro tenha sempre na bagagem de mão a blusa e o guarda-chuva ou que o morador de rua tenha colocado e tirado o seu “poncho” feito de cobertor barato muitas vezes nesse dia.
Existe um perigoso e vigente conceito sobre notícia, de que se um cachorro morder um homem, isso não é notícia, mas se o homem morder o cachorro, isso é notícia.

Essa pérola, levada às últimas conseqüências, motiva dedicados comunicadores a notarem e destacarem apenas as anomalias da vida de uma metrópole.

Quando o poder público finaliza uma obra, a grande imprensa ignora, porque o Estado tem obrigação de fazer a sua parte.

Quando está tudo em paz, a imprensa prefere partir para receitas de bolo do que fazer o que seria óbvio nesse caso: mostrar que está tudo bem e tentar explicar para a população, o quanto, como e o por quê de tudo estar tão bem assim.


E como, pelo gigantismo da metrópole, sempre acontece um mau exemplo, a tendência é de se explorar por vezes morbidamente os desatinos, os desvarios da Paulicéia.

Quanto ao trânsito, com sete milhões de veículos, teria que ter mesmo essa má fama toda.
Mas o paulistano é muito correto no trânsito.

É mais fácil e seguro dirigir na Capital do que em qualquer cidade do interior paulista.

O único pecado do motorista metropolitano é um certo gosto exagerado pela...digamos... buzina! Há até quem comente que o dia em que as fábricas abolirem a buzina dos carros, as vendas deverão despencar em São Paulo, porque os motoristas daqui a-do-ram esse equipamento automotivo.
Buzinam para avisar o sonolento da frente que o sinal abriu, buzinam para cumprimentar o porteiro do prédio, buzinam porque seu time ganhou, buzinam porque o tráfego estagnou naquela rua, buzinam porque estão chegando, buzinam porque estão saindo, buzinam porque conhecem o motorista que vem em sentido contrário......

Sem esse instrumento praticamente onírico, fatalmente poderá haver até motoristas que se recusarão a retirar o carro da garagem, revoltados com a falta do fon-fon-bip-bip das buzinas paulistanas.

Bem, desculpe a pressa, mas acho que preciso ir.

Fiquei de dar um pulo neste sábado até uma padaria no Jabaquara onde irei me encontrar com meu amigo Dr. Albuquerque.
Dizem que lá tem uma cerveja muito gelada e um pão sovado que é uma delícia.

O pão a gente leva para casa antes de esfriar e a cerveja a gente deve tomar ali, antes mesmo que esquente.

Mas estou sem carro, pedi para alguém me levar e adivinha o que estão fazendo neste momento ali fora, na frente de casa?

Isso mesmo.
Buzinando.


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Go-go Boy se atirando no trabalho.



Uma singela conversa com Deus


Senhor: Te agradeço sempre nos dias felizes, na vitória, no amor, na amizade, na compreensão. Te procuro sempre nas noites escuras, nos dias de medo, na incerteza, no perigo, na tristeza e na derrota. Sei que estás comigo na doença e na saúde. Na dor e no prazer. No desespero e na tranquilidade. No desamparo e na segurança. Na injustiça e na justiça. E isso tudo me trouxe até aqui, nesta existência que até hoje vivi. Sigo porque sei que aqui me colocaste com desígnio inexpugnável da tua Santa vontade. Doravante, rogo que, como Criador e regulador deste mundo, diminuas na face da Terra a inveja, o ódio, a cobiça, a intolerância e toda maldade. Rogo que aumentes a compaixão no peito e na mente das pessoas. Sei também que além de Pai, és o Amigo e Irmão, a todo instante pleno e abundante em meu coração. Amém.

O Pau de Arara



Você é um cidadão que mora longe o suficiente para ter que pegar ônibus diariamente para trabalhar, estudar, passear?

Então peço que force um pouco a memória e me diga:

O coletivo que você tanto pega para lá e para cá tem a traseira muito alta, a ponto de mudarem a entrada para a porta da frente, menos alta, porque muitos idosos estavam se machucando em quedas no embarque ou desembarque lá atrás?

O veículo que você toma todo dia tem o motor na frente, é muito quente e barulhento?

Por um acaso, o ônibus urbano que você usa todo dia tem uma suspensão muito dura e anda pulando, fazendo também um barulhão danado de coisas se soltando dentro dele?

Então, meu caro amigo, sinto muito, mas na verdade você está mesmo é andando de caminhão.

Sim, caminhão, desses feitos para transporte de cargas!

Não se admire, mas há muitas empresas encarroçadoras especializadas em travestir caminhão de ônibus.

É uma maquiagem muito feia, porca, desonesta e por isso mesmo cruel e injusta para com o usuário.

Mas está aí, meu amigo, prá todo mundo ver e infelizmente, usar se for capaz.

Você não sabia que o ônibus verdadeiro não é construído para cargas e sim para transportar pessoas?

Assim, se calcularmos o peso que um coletivo transporta, é apenas uma fração do que o veículo de carga é capaz de levar.

A suspensão do coletivo, portanto, pode e deve ser muito mais macia para dar o devido conforto às pessoas que o utilizam.

E a suspensão do caminhão, muito mais dura, porque ele deve transportar bastante mais peso, mais carga sobre o seu chassi.

Se misturarmos, não dá samba.

Levar carga sobre o chassi de ônibus não dá certo.

Levar passageiro sobre o chassi de caminhão, muito menos.

Então, por que se teima em colocar carroceria de ônibus sobre chassi de caminhão?

Pra você, que paga das mais caras tarifas de transporte coletivo do mundo, peço que acredite: é porque é mais barato.

Na hora de calcular o valor da tarifa, coloca-se em planilhas veículos de alta qualidade, serviço de primeira e aí o preço vai lá em cima.

Depois, colocam na rua caminhões fantasiados de ônibus.

A diferença, vira lucro, num serviço que deveria ter caráter absolutamente social.

E sabe, meu amigo, por quê as autoridades que concedem a particulares esse serviço público e que deveriam fiscalizar essas aberrações, não percebem de jeito nenhum a maldade com o usuário?

Porque nenhuma dessas autoridades anda de coletivo e nem faz idéia do que seja nem o ônibus com chassi de ônibus nem o ônibus com chassi de caminhão, nem o que seja andar diariamente de ônibus porque essas autoridades usam mesmo é o automóvel e fim de papo.

O nosso legado


Este, é o planeta terra.

Ele é a nossa casa.

Como ele, NÃO há nada igual no sistema solar.

Talvez, com sorte, encontremos outro igual no sistema regido pela estrela mais próxima, que fica a 4,5 anos luz daqui.

Mas é bom lembrar que não temos tecnologia suficiente nem para visitarmos coletivamente a lua, que, na velocidade da luz, está apenas um pouco mais que a um segundo de nós.

Assim, se quisermos, por enquanto, é aqui onde teremos que continuar a viver.

Mas para que tenhamos a garantia de que a espécie humana seguirá vivendo aqui, precisamos ser mais atentos e zelosos para com a nossa casa, o planeta Terra.

A continuar como estamos fazendo, sujando descuidadamente o nosso mundo, em breve o planeta se tornará inabitável.

Descuidadamente, a cada dia estamos fazendo de nossa casa, celeremente, um local cada vez mais hostil, cada vez menos habitável.

Desde uma aparentemente inocente ponta de cigarro, passando pelo saco plástico e pelas garrafas pet até as baterias elétricas e resíduos radioativos abandonados na natureza, cada uma dessas ações, é uma agressão que fazemos à nossa própria existência, quando ignoramos o futuro e não agimos de forma digna e correta para com as novas gerações.

A cada minuto, milhões e milhões de toneladas de gás carbônico são jogados na biosfera.

Os cursos dágua ficam imundos com o esgoto doméstico e industrial, em muitos países jogado in natura nos rios, o que elimina a vida neles e no mar.

O lixo que produzimos está invadindo o nosso mundo, de forma crescente e inexorável.

É preciso ter parcimônia na nossa relação com o ecossistema, respeito pela natureza e compaixão pelo nosso semelhante e por nós mesmos.

É preciso parar de tratar a natureza como um grande depósito de lixo e dejetos humanos.

É preciso exigir de si mesmo, dos outros, das autoridades e governos, que tratem todo o esgoto, que limitem e controlem a emissão de poluentes, que ajam com inteligência, dando o devido valor à convivencia pacífica com o nosso planeta, sem agredir e preservando-o;

É certo que nossos filhos e netos não merecem e não querem uma herança maldita.

Torna-se urgentemente necessário tratar o nosso mundo, o nosso planeta, com mais carinho e mais atenção do que dedicamos à nossa família e ao nosso lar.

É chegado o momento de decidir sobre nosso legado aos que virão depois de nós a este mundo.


Podemos deixar um planeta azul, cheio de vida, ou uma desértica e inóspita bola de pedra e areia, com poucos ou talvez nenhum sinal de vida.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

A sutil localização do bem querer


Nesta minha vida de altos e baixos, muito mais baixos que altos, por sinal, aprendi a duras penas a considerar todas as pessoas boas, íntegras e amigas, até prova em contrário. É evidente que tenho tido sistemáticas provas em contrário, dada a natureza humana. Mas no que resta, tenho tido agradáveis - digamos - surpresas. Porque no lodoso e inconsistente mundo das personalidades, ou seja, das máscaras, pouca e bem pouca coisa se revela no fundo autêntica e valiosa, mas quando se revela, é um pequeno tesouro a ser preservado e cuidado a sete chaves. Tenho dito que as pessoas muito educadas, muito corretas, muito dentro dos padrões, me assustam, porque é evidente que elas não se mostram de verdade. Consegui ser grande amigo de pessoas que me magoraram profundamente, num primeiro momento. E acabei por me transformar em grande opositor de pessoas agradáveis, afáveis, amáveis ao extremo, que ao final, se revelaram bem pouco confiáveis e absolutamente inviáveis como amigas. No mundo do relacionamento interpessoal, identificar preciosidades virou uma arte. E, quando nos enganamos, pagamos por vezes um preço muito mais alto do que poderíamos suportar. É o preço da nossa inexperiência, da nossa falta de tato, na ausência de feeling para identificar um ou outro, para separar o joio do trigo, o bom do mau, o viável do inviável. Por vezes, vc só descobre o quão é odiado por aquele que se apresentava como seu amigo, na hora em que o pé dele, se opõe à sua cabeça e a faz estatelar contra o meio-fio de granito e aquela multidão de estrelas vem anunciar que vc está desmaiando de tanto apanhar. Tanto os 'amigos' quanto os "conhecidos" sempre me surpreenderam, quando na pior hora os amigos desapareceram e de repente, vc se vê apoiado, socorrido e confortado por um mero conhecido, ou mesmo um estranho. O mundo é um formidável descortinar de constatações e verdades que por vezes, se chocam com as nossas mais sacrossantas crenças e nossa fé mais profunda. A realidade, quase sempre, não colabora com nossas mentes. Tenho dispensado aos meus inimigos gratuitos e de percurso, um respeito atávico e um perdão um pouco contido. Carinho, eu só sinto pelos meus amigos. As pessoas que me são gratas, percebem isso no meu olhar, nas minhas atitudes, nas minhas posturas, nas minhas ações. As pessoas com as quais eu brigo, são exatamente as que me passam alguma importância. Com quem eu não gosto nem me importo, não há razão de brigar. Por isso eu digo sem medo de errar outra vez: sou apaixonado pelas pessoas que me são caras, as quais eu não preciso enunciar aqui, porque elas sabem, por minhas atitudes e posturas, que eu as amo e amo de verdade!


He Ain't Heavy, He's My Brother




The road is long

With many a winding turn

That leads us to who knows where

Who knows when

But I'm strong

Strong enough to carry him

He ain't heavy, he's my brother

So on we go

His welfare is of my concern

No burden is he to bear

We'll get there

For I know

He would not encumber me

He ain't heavy, he's my brother

If I'm laden at all

I'm laden with sadness

That everyone's heart

Isn't filled with the gladness

Of love for one another

It's a long, long road

From which there is no return

While we're on the way to there

Why not share

And the load

Doesn't weigh me down at all

He ain't heavy, he's my brother

He's my brother

He ain't heavy,

he's my brother...

sábado, 9 de abril de 2011

TV - "em time que está imitando, não se mexe!"


Depois que a máxima do velho guerreiro "em televisão nada se cria, tudo se copia" chegou em sua mais alta performance de maneira pública e notória naquilo que poderíamos classificar como o "estado da arte", fica difícil mesmo conseguir inovar, mudar, criar nesse universo rígido e monolítico do Telejornalismo. Vc pode transitar em qualquer redação de TV, parecerá a um olhar um pouco menos aguçado, que é tudo da mesma emissora. A dança das cadeiras de chefias, talentos de trás e de frente das câmeras, a qual tem se demonstrado frenética nos últimos tempos, mostra que não há mais uma 'cara' de cada veículo: um é a cara de todos e todos são a cara de um, guardadas as devidas proporções com relação a alguns detalhes como estrutura e investimento. Mas em geral, a coisa é tão igual, mas tão igual, que um amigo meu trabalha em 3 emissoras em São Paulo e não tem nem um pingo de estresse por isso, uma vez que é como se trabalhasse numa só, mudam apenas os endereços.

Esse 'padrãozão' estilo chapa branca e rançoso, criado na ditadura para exercer um rígido controle nos ímpetos por detrás das Olivetti, Remington e até das Hermes que poderiam inocular um ou outro jornalista menos contido, colocou o Brasil de fato num triângulo em cujos vértices estão São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. O resto, só se for matéria especial e ainda assim, nem sempre, nem sempre. Esse "chega pra lá" nas capitais dos Estados brasileiros, não só diminui a sua importância no contexto nacional, como cria um 'segundo Brasil' ou um Brasil de segunda classe dentro do noticiário. Um amigo meu realizou profissionalmente uma pesquisa fora do eixo sp-rio-brasília para uma rede de TV e constatou que nesse 'Brasil de segunda classe', a média salarial de jornalistas de TV é de 500 dólares mensais. A população brasileira migra muito, tem gente de tudo quanto é lado por todo lado e faz falta uma cobertura que privilegie o "anchorman" chamando praças, dando voz a apresentadores e repórteres locais, fazendo valer o seu pomposo e anglossaxônico nome, além de tirar a mordaça das capitais brasileiras, inserindo-as no contexto nacional. Afinal, isso deveria ser a vocação dos veículos de comunicação que prentendam exercer de fato o seu papel de integrar o país. Mas isso se chama inovação e inovar em TV, de repente se parece com um crime, um pecado capital, uma aberração. E outra, ninguém fez isso antes, portanto não dá para imitar e aí, pode ficar muito, muito perigoso...

Relatório à Seguradora


Reproduzo aqui a explicação de um operário português, acidentado no trabalho, à sua Cia. seguradora. (A Cia. de Seguros havia estranhado tantas fraturas, e em uma só pessoa num mesmo acidente). Chamo a atenção para o fato de que se trata de um caso verídico, cuja transcrição foi obtida através de cópia dos arquivos da cia. seguradora envolvida. O caso foi julgado no Tribunal da Comarca de Cascais - Lisboa - Portugal.


"À Cia. Seguradora.


Exmos. Senhores,

Em resposta ao seu gentil pedido de informações adicionais, esclareço:

No quesito nº. 3 da comunicação do sinistro mencionei:

"tentando fazer o trabalho sozinho" como causa do meu acidente.
'Em vossa carta V. Sas. me pedem uma explicação mais pormenorizada, pelo que espero sejam suficientes os seguintes detalhes:

'Sou assentador de tijolos e no dia do acidente estava a trabalhar sozinho num telhado de um prédio de 6 (seis) andares. Ao terminar meu trabalho, verifiquei que havia sobrado 250 kg de tijolos. Em vez de os levar a mão para baixo (o que seria uma asneira), decidi colocá-los dentro de um barril e, com ajuda de uma roldana, a qual felizmente estava fixada em um dos lados do edifício (mais precisamente no sexto andar), descê-lo até o térreo. Desci até o térreo, amarrei o barril com uma corda e subi para o sexto andar, de onde puxei o dito cujo para cima, colocando os tijolos no seu interior. Retornei em seguida para o térreo, desatei a corda e segurei-a com força para que os tijolos (250kg) descessem lentamente. Surpreendentemente, senti-me violentamente alçado do chão e, perdendo minha característica presença de espírito, esqueci-me de largar a corda. Acho desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade. Nas proximidades do terceiro andar dei de cara com o barril que vinha a descer. Ficam, pois, explicadas as fraturas do crânio e das clavículas. Continuei a subir a uma velocidade um pouco menor, somente parando quando os meus dedos ficaram entalados na roldana. Felizmente, nesse momento já recuperara a minha presença de espírito e consegui, apesar das fortes dores, agarrar a corda. Simultaneamente, no entanto, o barril com os tijolos caiu ao chão, partindo seu fundo. Sem os tijolos, o barril pesava aproximadamente 25kg. Como podem imaginar comecei a cair vertiginosamente, agarrado à corda, sendo que, próximo ao terceiro andar, quem encontrei? Ora, pois, o barril que vinha a subir. Ficam explicadas as fraturas dos tornozelos e as lacerações das pernas. Felizmente, com a redução da velocidade de minha descida, veio minimizar os meus sofrimentos quando caí em cima dos tijolos embaixo, pois felizmente só fraturei três vértebras. No entanto, lamento informar que ainda houve agravamento do sinistro, pois quando me encontrava caído sobre os tijolos estava incapacitado de me levantar, porém pude finalmente soltar a corda. O problema é que o barril, que pesava mais do que a corda, desceu e caiu em cima de mim fraturando-me as pernas. Espero ter fornecido as informações complementares que me haviam sido solicitadas. Outrossim, esclareço que este relatório foi escrito por minha enfermeira, pois os meus dedos ainda guardam a forma da roldana.


Atenciosamente,


Antonio Manuel Joaquim Soares de Coimbra

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Mercado exigente



Histórias que bem que poderiam ser verdadeiras...

Um Advogado estacionou seu Mercedes novo em folha na frente de seu escritório pronto para mostrá-lo para seus colegas. Logo que ele abriu a porta para sair, um caminhão passou raspando e arrancou completamente a porta. O advogado atordoado usou imediatamente o seu telefone celular, discou 190 e dentro de minutos um policial chegou. Antes que o policial tivesse uma oportunidade de fazer qualquer pergunta, o advogado começou a gritar histericamente que a Mercedes, que ele tinha comprado no dia anterior, estava agora totalmente arruinada e nunca mais seria a mesma. Iria processar o motorista, Deus e o mundo, fazer e acontecer, afinal era doutor, etc, etc. Quando o advogado finalmente se acalmou, o policial agitou sua cabeça em desgosto e descrença. - 'Eu não posso acreditar no quão materialistas vocês advogados são... vocês são tão focados em suas posses que não notam mais nada'. - 'Como você pode dizer tal coisa'? O Sr. tem noção do valor de uma Mercedes? Pergunta o advogado. O policial respondeu: - 'Você não percebeu que perdeu seu braço esquerdo? Está faltando do cotovelo pra baixo. Ele deve ter sido arrancado quando o caminhão bateu em você'. - 'Puta que pariu'! - grita o advogado - 'Meu Rolex'!!!

domingo, 3 de abril de 2011

MENSAGEM A GARCIA


(Escrito por Elbert Hubbard em fevereiro de 1899)

Em todo este caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava aos americanos era comunicar-se, rapidamente, com o chefe dos revoltosos – chamado Garcia - que se encontrava em uma fortaleza desconhecida, no interior do sertão cubano. Era impossível um entendimento com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto, o Presidente precisava de sua colaboração, e isso o quanto antes. Que fazer? Alguém lembrou: "Há um homem chamado Rowan... e se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, esta pessoa é Rowan”. Rowan foi trazido à presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. Não vêm ao caso narrar aqui como esse homem tomou a carta, guardou-a num invólucro impermeável, amarrou a ao peito e, após quatro dias, saltou de um pequeno barco, alta noite, nas costas de Cuba; ou como se embrenhou no sertão para, depois de três semanas, surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil, e entregue a carta a Garcia. O ponto que desejo frisar é este: Mac Kinley deu a Rowan uma carta destinada a Garcia; Rowan tomou-a e nem sequer perguntou: "Onde é que ele está?”. Eis aí um homem cujo busto merecia ser fundido em bronze e sua estátua colocada em cada escola. Não é só de sabedoria que a juventude precisa... Nem de instruções sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência; para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia. O General Garcia já não é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar adiante uma tarefa em que a ajuda de muitos se torne precisa tem sido poupados momentos de verdadeiro desespero ante a passividade de grande número de pessoas ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente numa determinada tarefa... e fazê-la. A regra geral é: assistência regular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho malfeito. Ninguém pode ser verdadeiramente bem-sucedido, exceto se lançar mão de todos os meios ao seu alcance, para obrigar outras pessoas a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, na sua grande misericórdia, faça um milagre enviando-lhe, como auxiliar, um anjo de luz. Leitor amigo, tu mesmo podes tirar a prova. Está sentado no teu escritório, rodeado de meia dúzia de empregados. Pois bem, chama um deles e pede-lhe: "Queria ter a bondade de consultar a enciclopédia e de fazer a descrição resumida da vida de Corrégio". Dar-se-á o caso de o empregado dizer, calmamente: - "Sim, senhor" e executar o que lhe pediste? Nada disso! Olhar-te-á admirado para fazer uma ou algumas das seguintes perguntas: - Quem é Corrégio? - Que enciclopédia? - Onde está a enciclopédia? - Fui contratado para fazer isso? - E se Carlos o fizesse? - Esse sujeito já morreu? - Precisa disso com urgência? - Não seria melhor eu trazer o livro para o Senhor procurar? - Para que quer saber isso? Eu aposto dez contra um que, depois de haveres respondido a tais perguntas e explicado a maneira de procurar os dados pedidos, e a razão por que deles precisas, teu empregado irá pedir a um companheiro que o ajude a encontrar Corrégio e depois voltará para te dizer que tal homem nunca existiu. Evidentemente pode ser que eu perca a aposta, mas, seguindo uma regra geral, jogo na certa. Ora, se fores prudente, não te darás ao trabalho de explicar ao teu "ajudante" que Corrégio se escreve com "C" e não com "K", mas limitar-te-á a dizer calmamente, esboçando o melhor sorriso: - "Não faz mal... não se incomode". É essa dificuldade de atuar independentemente, essa fraqueza de vontade, essa falta de disposição de, solicitamente, se por em campo e agir, é isso o que impede o avanço da humanidade, fazendo-o recuar para um futurobastante remoto. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão se o resultado de seu esforço resultar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam ser dirigidos. O que mantém muitos empregados no seu posto e o faz trabalhar é o medo de, se não o fizer, ser despedido ou transferido no fim do mês. Anuncia-se precisar de um taquígrafo e nove entre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar, e - o que é pior - pensa não ser necessário sabê-lo. – "Olhe aquele funcionário - dizia o chefe de uma grande fábrica. É um excelente funcionário. Contudo, se eu lhe perguntasse por que seu trabalho é necessário ou por que é feito dessa maneira e não de outra, ele seria incapaz de me responder. Nunca deve ter pensado nisso. Faz apenas aquilo que lhe ensinaram, há mais de 3 anos, e nem um pouco a mais". "Será possível confiar-se a tal homem uma carta para entregá-la a Garcia?”. Conheço um homem de aptidões realmente brilhantes, mas sem a fibra necessária para dirigir um negócio próprio e que ainda se torna completamente nulo para qualquer outra pessoa devido à suspeita que constantemente abriga de que seu patrão o esteja oprimindo ou tencione oprimi-lo. Sem poder mandar, não tolera que alguém o mande. Se lhe fosse confiada a mensagem a Garcia retrucaria, provavelmente: - "Leve-a você mesmo!". Hoje esse homem perambula errante, pelas ruas em busca de trabalho, em estado quase de miséria. No entanto, ninguém se aventura a dar-lhe trabalho porque é uma personificação do descontentamento e do espírito da discórdia. Não aceitando qualquer conselho ou advertência, a única coisa capaz de nele produzir algum efeito seria um bom pontapé dado com a ponta de uma bota 44, sola grossa e bico largo. Pautemos nossa conduta por aqueles homens, dirigente ou dirigida, que realmente se esforçam por realizar o seu trabalho. Aqueles cujos cabelos ficam mais cedo envelhecidos na incessante luta que estão desempenhando contra a indiferença e a ingratidão, justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar. Estarei pintando o quadro com cores por demais escuras? Não há excelência na nobreza de si mesmo; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os ricos são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos. Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha, fazendo o que deve ser feito, melhorando o que pode ser melhorado, ajudando sem exigir ajuda. É o homem que, ao lhe ser confiada uma carta para Garcia, toma a missiva e, sem a intenção de jogá-la na primeira sarjeta, entrega-a ao destinatário. Esse homem nunca ficará "encostado", nem pedirá que lhe façam favores. A civilização busca ansiosamente, insistentemente, homens nessa condição. Tudo que tal homem pedir, se lhe há de conceder. Precisa-se dele em cada vila, em cada lugarejo, em cada escritório, em cada oficina, em cada loja, fábrica ou venda. O grito do mundo inteiro praticamente se resume nisso: “PRECISA-SE - E PRECISA-SE COM URGÊNCIA - DE UM HOMEM CAPAZ DE LEVAR UMA MENSAGEM A GARCIA”.

Gabaritos subdmensionados ou o dia em que o brasileiro médio aumentou de tamanho


Fiz neste sábado uma pequena viagem intermunicipal com algo em torno dos 100km em uma linha de ônibus regular.

Fui conhecer meu novo neto, o Mateus, que chegou dias atrás.

Digamos, uma ligeira aventura.

Ao entrar no ônibus, já me dei mal.

Cadê os números das poltronas?

Só depois de perguntar a alguém, é que descobri, apagadinho tanto quanto a lâmpada interna da parte inferior do bagageiro de mão, uma meia-lua de não mais de 10cm por 2 cm, com os números das duas poltronas.

Fiquei satisfeitíssimo da vida, quando senti um enorme calor.

Estava quente mesmo, mas para piorar, notei que as janelas eram lacradas.

"Ar condicionado", pensei.

Mas o motorista tagarelava animadamente com alguém e nem dava bola parao tal do ar.

Com o ônibus já em movimento pelo terminal do Tietê, bingo!

O motorista liga o tal do ar condicionado.

Meno male.

É claro que nessas alturas eu estava mais contente do que pinto no lixo com essas coisas.

Sentei-me do lado direito do ônibus, ao lado da janela.

Eis que senão quando descobri que algo espetava a minha barriga um pouco acima da linha da cintura.

Era o braço da poltrona, como a dizer:

"Vai mais pra lá, cara-pálida!"

Mas eu não tinha como romper o vidro da janela do coletivo para ir ao lado de fora e abrir espaço para o lado de dentro.

Meu braço esquerdo ficava totalmente fora do espaço que, em tese, seria meu, invadindo a barriga do outro passageiro, que por mal dos pecados, também era gordo.

Comecei a imaginar qual seria o modelo que serviria para fazer o gabarito dos ônibus daquela maldita encarroçadora.

Marco Maciel?

Percebi que não, quando o rapaz da frente reclinou o encosto de sua poltrona e me senti como que cafungando no cucuruto dele.

Marco Maciel é estreito, mas comprido demais.

Talvez, pensei eu, para baratear os projetos, a MarcoPolo tenha reaproveitado o gabarito dos ônibus escolares.

Afinal, uma criança de oito anos cabe direitinho nas poltronas desses novos ônibus da Cometa e ainda sobra espaço!

Aliás, a obsolescência de um conceito de qualidade e bons serviços, que foi a marca registrada da Cometa há décadas, fica bem mais visível para pessoas como eu.

Usei muito os antigos ônibus espaçosos e confortáveis da empresa em viagens frequentes a Curitiba.


E como a lei de Murphy é implacável, na volta de Campinas, só tinha um outro gordo entre os 40 passageiros e foi justamente o que viajou ao meu lado.

Um detalhe:

desta vez, o ônibus não tinha ar condicionado.

E como todo mundo é friorento, ninguém abriu a janela.

E mais uma vez, a lei de Murphy me brindou com uma poltrona do lado do corredor, que é para não botar a mão em janela alguma.

É desse figurino.

As lojas de roupas trabalham com números que vão até 48 e eu uso 52.

As sapatarias adoram vender sapatos até 40 e eu calço 44.

Agora, as encarroçadoras de ônibus estão, para o meu desespero, fabricando ônibus só para crianças!