sábado, 21 de maio de 2011

O amigo do meu amigo...


No colégio, aprendi matemática Moderna, de Oswaldo Sangiorgi.
A minha professora, ou era mesmo terrívelmente fria, ou escondia muitíssimo bem as emoções.
Se o aluno dissesse que a amava, não movia nenhum músculo da face e a mesma coisa valia para quando algum aluno mais destemperado dissesse que a odiava.
Era uma autoridade na matéria, mas não tinha muita didática e desse jeito, nem poderia ter.
Foi ela quem, gentilmente, me conduziu nos primeiros passos para detestar Matemática. Entretanto, ficou aquela história do be-a-bá dos números relativos:
"O amigo do meu amigo é meu amigo e o inimigo do meu inimigo é meu amigo e o amigo de meu inimigo é meu inimigo".
Uma falácia, um sofisma só que desta vez, utilizado para o bem, ou seja, para a compreensão dos alunos, do que vem a ser o sistema de números relativos.
Na vida real, o arqui-inimigo do meu amigo pode ser meu melhor amigo e aí, a lógica dos números relativos revela a sua verdadeira cara feia de falsidade, para a minha saia-justa de explicar para os dois que sou uma espécie de "suíça", um campo neutro no meio deles.
Aliás, conviver assim, com os contrários, é uma arte.
É também um exercício de equidade e isenção, uma vez que não podemos puxar a sardinha para lado nenhum, sob pena de provocar um embroglio bastante desagradável e difícil de desfazer.
Os mais descolados e corajosos ousam até emitir opinião:
"- Acho que o Everaldo José tá errado, mas ele é um cabeça de prego que não escuta ninguém!"
Mas aí, pode haver mesmo uma saia justa com o Everaldo José a qualquer momento, porque muito embora ele possa receber com um sorriso essa afirmação, no fundo, no fundo , ele pode esperar ardentemente uma oportunidade de dizer algo também desairoso sobre você.
A convivência é muito especial e é a base de nossa sobrevivência como seres sociais por excelência.
E você, tem se dado bem nesse contexto?

Um comentário:

Paulo Laurindo disse...

Cara, tratados e mais tratados foram escritos sobre esta difícil arte da convivência e cada dia surgem mais alguns. De certo mesmo é que a gente vai na base do "é dando que se recebe". Porque neste negócio de números o que sabemos mesmo é que são abstratos e em constante atrito com a realidade.