quarta-feira, 1 de julho de 2009

Fantástica Realidade


Sempre gostei de cinema. E no cinema, sempre apreciei, dentre outros, o gênero "Terror", desde o mais sofisticado até o mais trash.
Uma bela noite, eu ainda era casado, aluguei uma fita de um filme da série Sexta-Feira 13. Já havia assistido a milhares de filmes desse tipo, portanto não me era de nenhuma novidade o que estava fazendo.
De repente, no meio do filme, tive um impulso muito forte de desligar o vídeocassete. Resistí, porque queria ver o final da história. Mas não deu. Desliguei.

Dias depois, como bom aficcionado, fui ao cinema ver outro da série "A Hora do Pesadelo". No meio do filme, contrariado porque meu corpo parecia possuído por uma mola, tive que sair do cinema. Uma compulsão maluca me tirava dalí, muito embora eu quisesse ficar. No momento, não percebi o que se passava.

Meses depois, tive um final de semana prolongado e fui para o meio do mato. Do alto de uma colina, sozinho, sentado em cima de uma pedra, olhando a vastidão de um imenso vale que se pode ver do sítio dos meus tios, pude, finalmente, ter, num relance, uma visão clara do que estava acontecendo comigo.

O perfil tanto do Freddy Krueger quanto do Jason Vorhees é parecido. Eles são praticamente (e aí tem a manutenção do interesse do público) indestrutíveis. E quando se pensa que eles se foram e deixaram as pessoas em paz, eles voltam mais cruéis, mais violentos, mais aterradores. Na verdade, a arquitetura das histórias de Jason e de Freddy, arremete para o videogame. O jogador vai queimando etapas e o nível de dificuldade vai aumentando proporcionalmente.

Então, concluí que eu fizera, em âmbito subsconsciente, uma associação dessas três coisas: a ferocidade dos monstros do cinema, as dificuldades do game e as minhas dificuldades da vida, iguaizinhas, sem tirar nem por: quanto mais eu resolvia, mais complexas e difíceis eram as seguintes. Portanto, também em âmbito sub-consciente, passei a rejeitar aquelas histórias dos filmes de terror, porque não estava simplesmente me entretendo assistindo aquilo: na verdade, eu estava me lembrando o tempo todo de que existiam problemas em minha vida e que eles poderiam, a qualquer momento, ser maiores do que a minha capacidade de resolvê-los, dada a escalada de dificuldades presente no meu dia-a-dia.Nunca mais assisti nenhum filme de terror. eles já estão ocasionalmente na minha vida, não preciso deles no cinema. kkkk




coisas do Brasil:




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