sexta-feira, 19 de junho de 2009

Sobre leis e diplomas





A imprensa é como a bomba atômica: em mãos erradas, pode ser um desastre.
J. Cristo, do alto de sua divindade, acertou na mosca quando disse que "O que faz mal não é o que entra pela boca, mas sim o que sai dela". Os meios de comunicação compõem uma faixa intermediária de influência na sociedade a que se chama de "Quarto Poder". Essa influência, se bem usada, pode resultar na queda de governantes, como o caso Watergate. Se mal usada, pode resultar em coisas inomináveis e tão horríveis quanto o famoso caso da Escola Base.
Sou jornalista profissional com registro no Ministério do Trabalho. Sou contra o fim do direito de resposta regulamentado pela Lei de Imprensa e pelo excesso de liberdade proveniente da recente extinção da lei. Assim como há abusos em todos os setores da atividade humana, há também abusos no jornalismo. A Lei de Imprensa que extinguiram era tão fraca, falha e tão omissa, que absolutamente ninguém da imprensa foi acusado, investigado e muito menos punido pela criminosa destruição de vidas de inocentes, no tenebroso caso da Escola Base em São Paulo. Sugiro a leitura do livro do jornalista Alex Ribeiro "Caso Escola Base - Os Abusos da Imprensa" com Prefácio de Carlos Brickmann - Editora Ática ISBN 85 08 05508 0
Por outro lado, apesar de parecer uma reserva de espaço profissional, a exigibilidade do diploma é algo bastante razoável e, na maior parte das vezes, contribui para a melhoria na qualidade do serviço prestado à população. Quando foi instituído o primeiro curso superior de jornalismo no Brasil, em 1979, já fazia 10 anos que eu exercia profissionalmente a atividade. Tive um processo no Ministério do Trabalho, através da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo, que durou dois anos. Foram in-loco verificar se realmente eram verdadeiras todas as minhas afirmações e narrativas de trabalhos em veículos de comunicação, não bastaram comprovantes xerocados e autenticados. Um fiscal do Ministério foi até a TV Marajoara em Belém do Pará, para verificar nos livros de registro de pessoal a minha passagem por lá e verificou, com uma funcionária antiga, se realmente eu exercera a tal função de editor de texto no Telejornalismo da Emissora. Também foi feito isso no sul de Minas, onde fui editor numa rádio. Ou seja, o Ministério do Trabalho aceitou, depois de dois anos de investigação, que eu realmente era um profissional e me concedeu, em 1992, o registro definitivo.
Entretanto, modéstia às favas, me considero uma honrosa excessão. Quando trabalhava em TV, via os meninos e meninas recém-saídos de cursos superiores de jornalismo, totalmente perdidos nas redações, sem a mínima noção do que fazer, como fazer, quando fazer. O real aprendizado começava então, ali, na redação da TV e contava como professores reais, efetivos, que éramos nós, os mais antigos, e ainda assim os que se propunham a ter paciência de ensinar, de transmitir o conhecimento, porque nem todo jornalista é um pai ou uma mãe, há controvérsias.
Fui coordenador do CRAV - Centro de Recursos Audiovisuais do Instituto de Comunicação de uma Universidade e presenciei coisas surreais, como aquela professora da disciplina de Prática de TV, pós graduada por Sourbonne, na França, mas cuja experiência máxima tinha sido um mês de cobertura de férias como rádio-escuta numa emissora regional. Claro que o que essa professora ensinava eram altas teorias e nada realmente de prática. Apesar de tudo, a exigibilidade do diploma propicia ao jornalista uma base, mesmo que essa que narrei, a qual, na pior das hipóteses, é bem melhor do que nada. Aquelas pessoas com dom, que são instruídas e informadas a ponto de dispensarem o diploma para exercer a função com algum desempenho, existem, sim. mas não são, em absoluto, a regra. A maioria precisa de uma base mínima para começar no ofício.


COISAS DO BRASIL:






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