Vinte e poucos anos, os hormônios efervescendo nas veias, peguei a loirinha e levei para o covil. O covil era um lugar alocado por um amigo, que pertencia à família dele, mas era abandonado e só a gente tinha a chave da porta da frente, em plena cidade. Em lá chegando, fui beijando aquela maravilha de menina. Seus também vinte e poucos anos, magrinha mas gostosa, me levaram à loucura. Quando comecei a entrar para as vias de fato, ela começou a soluçar e dizer:
"-O que que é isso que vc está fazendo comigo? Eu nunca fiz isso!"
De um lado fiquei mais excitado por saber que ela era virgem, mas de outro, minha consciência começou a me detonar. Vesti a roupa e fui embora.
Acabara-se o meu carnaval. Onde já se viu, um sujeito como eu, ser canalha a ponto de tirar a virgindade de uma garota só porque era uma baile de carnaval? Para mim, o carnaval acabou. A minha consciência determinara: "vc é um canalha, fique no seu lugar, na sua insignificância, seu tarado!"
Passado o carnaval, estou sentado no banco da praça da matriz, vendo o movimento. Vejo uma criança dos seus dois anos correndo pelas pedrinhas portuguesas do calçamento da praça; e de repente, ouço uma voz meio conhecida. "-Filhinho, não corre que você cai." Olhei. Era a loirinha virgem que eu evitara de desvirginar dias antes. Eu tinha contado a história para os meus colegas que estavam na praça naquele momento. Foi a salvação. Quando levantei para dar umas porradas nela, me seguraram. Meus amigos riam demais e isso me irritava sobremaneira. E ela foi embora, levando o pequerrucho que hoje, deve ter mais de 40 anos.
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