Em algum lugar do céu, vi rolar uma estrela. Ela rolou e sumiu. Foi há 54 anos. Eu estava na sacada do sobrado em que nasci, na esquina da Xavier Ribeiro com Barão de Mota Pais, sentado no colo de dona Mariquinha, minha bisavó. Esqueci quase tudo de minha infância, mas dessa figura da estrela, me recordo sempre. Talvez tenha sido nesse dia, que apareceu a minha permanente curiosidade com relação ao mundo em que vivo e ao Universo que o acolhe. Essa pequena estrela-rolante estartou dentro de mim a necessidade de saber dos fenômenos da superfície, mas também do céu. Que céu era aquele, todo negro e iluminado apenas por aquela miríade de pontinhos cintilantes? Até onde ele ia? Aonde ele nos levava? Cinco décadas depois, tenho a mesmíssima curiosidade ao olhar o céu. As mesmíssimas dúvidas e interrogações. Mas adquiri, entretanto, algumas certezas. A de que não somos nada diante da criação. Que o globo terrestre é apenas um grão de poeira estelar e que há mundos gigantescamente maiores e profundamente diferentes do nosso. Que embora não tenhamos a explicação, há um sentido e uma inteligência coordenando tudo isso e que, diante da eternidade do tempo e do espaço, poderíamos aproveitar melhor as nossas brevíssimas existências, tornando-as mais dignas e mais justas do que realmente são.
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