Em São José do Rio Preto, no começo da década de 90, fui morar do lado do aeroporto. E presenciava o trabalho de um bando de maníacos por voar, arrastando prá lá e pra cá os seus equipamentos sem motor. Caí na besteira de entrar no meio deles. Fui inoculado pelo vírus e passei a adorar voar de planador. Controlar o bicho que tem planeio maior do que o reboque e mante-lo abaixo, para que não provoque o pilonamento da aeronave de tração é algo fantástico. Depois que chega aos 600m, desliga-se a corda e fica-se apenas ouvindo o sibilar do vento, com aquela preocupação em encontrar logo aquela super-série de térmicas que poderá te levar a 2, 3 mil metros. Sabíamos que poderia curvar para subir, assim que uma térmica apertasse a nossa bunda no assento da máquina. Simples demais. Meu record foi 5 horas no ar e meu mais pífio desempenho foi 15 minutos para baixar de 600 para o nível da pista, num dia meio esquisito e sem térmicas. O equipamento era o Nhapecan biplace (2 lugares), com 400 kg de peso e um angulo de planeio de 30:1 - ou seja, a cada metro que desce, avança 30. Era uma delícia depois de ficar sob nuvens - jamais se deve entrar nelas com planador - fazer a volta de pista, pegar a perna do vento, aproximar da cabeceira com o freio aerodinâmico aberto, glissar um bocadito, nivelar o bicho a 1 metro do chão, fechar o freio aerodinâmico, botar o manche delicadamente para a frente e fazer o bicho enfrentar o floating e tocar com a roda no asfalto. Naquela época em Rio Preto, por ter que desocupar logo a pista em função dos aviões comerciais cujos pilotos infernizavam a vida das torres por causa dos planadores, todo mundo emagrecia um bocado com o esforço de empurrar, já que nem sempre tinha um veículo para rebocar na pista os Nhapecan.
quarta-feira, 9 de março de 2011
Nhapecan
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