Fiz neste sábado uma pequena viagem intermunicipal com algo em torno dos 100km em uma linha de ônibus regular.
Fui conhecer meu novo neto, o Mateus, que chegou dias atrás.
Digamos, uma ligeira aventura.
Ao entrar no ônibus, já me dei mal.
Cadê os números das poltronas?
Só depois de perguntar a alguém, é que descobri, apagadinho tanto quanto a lâmpada interna da parte inferior do bagageiro de mão, uma meia-lua de não mais de 10cm por 2 cm, com os números das duas poltronas.
Fiquei satisfeitíssimo da vida, quando senti um enorme calor.
Estava quente mesmo, mas para piorar, notei que as janelas eram lacradas.
"Ar condicionado", pensei.
Mas o motorista tagarelava animadamente com alguém e nem dava bola parao tal do ar.
Com o ônibus já em movimento pelo terminal do Tietê, bingo!
O motorista liga o tal do ar condicionado.
Meno male.
É claro que nessas alturas eu estava mais contente do que pinto no lixo com essas coisas.
Sentei-me do lado direito do ônibus, ao lado da janela.
Eis que senão quando descobri que algo espetava a minha barriga um pouco acima da linha da cintura.
Era o braço da poltrona, como a dizer:
"Vai mais pra lá, cara-pálida!"
Mas eu não tinha como romper o vidro da janela do coletivo para ir ao lado de fora e abrir espaço para o lado de dentro.
Meu braço esquerdo ficava totalmente fora do espaço que, em tese, seria meu, invadindo a barriga do outro passageiro, que por mal dos pecados, também era gordo.
Comecei a imaginar qual seria o modelo que serviria para fazer o gabarito dos ônibus daquela maldita encarroçadora.
Marco Maciel?
Percebi que não, quando o rapaz da frente reclinou o encosto de sua poltrona e me senti como que cafungando no cucuruto dele.
Marco Maciel é estreito, mas comprido demais.
Talvez, pensei eu, para baratear os projetos, a MarcoPolo tenha reaproveitado o gabarito dos ônibus escolares.
Afinal, uma criança de oito anos cabe direitinho nas poltronas desses novos ônibus da Cometa e ainda sobra espaço!
Aliás, a obsolescência de um conceito de qualidade e bons serviços, que foi a marca registrada da Cometa há décadas, fica bem mais visível para pessoas como eu.
Usei muito os antigos ônibus espaçosos e confortáveis da empresa em viagens frequentes a Curitiba.
E como a lei de Murphy é implacável, na volta de Campinas, só tinha um outro gordo entre os 40 passageiros e foi justamente o que viajou ao meu lado.
Um detalhe:
desta vez, o ônibus não tinha ar condicionado.
E como todo mundo é friorento, ninguém abriu a janela.
E mais uma vez, a lei de Murphy me brindou com uma poltrona do lado do corredor, que é para não botar a mão em janela alguma.
É desse figurino.
As lojas de roupas trabalham com números que vão até 48 e eu uso 52.
As sapatarias adoram vender sapatos até 40 e eu calço 44.
Agora, as encarroçadoras de ônibus estão, para o meu desespero, fabricando ônibus só para crianças!
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