quinta-feira, 31 de maio de 2012

Rupturas

Realmente tínhamos um caso de cumplicidade e de um misto de atração com carinho que era bastante dificil de negar ou esconder.  Mas um dia, ela se foi. Fez um vazio enorme na minha vida e por isso, depois de um tempo, fui buscá-la. E com todo o jeito dos namorados amantes, a convenci de que era preciso continuar aquele nosso caso. Na segunda vez também. Na terceira... Depois de muitas idas e vindas, um dia ela me comunicou outra vez que estava indo embora. Disse que era evidente o meu amor e que ela faria uma falta imensa na minha vida e que estava pedindo para que ficasse. Mas nao teve jeito. Estava irredutivel.  Então, tentando segurar os meus cacos com todas as forças de que dispunha, coloquei os pratos a limpo. Para que nao houvesse duvida, eu disse a ela que arrastava um caminhão carregado por causa dela, mas que se ela passasse pela soleira da porta da sala, eu arrastaria dois para que ela nao mais voltasse. E, machucando meu já dolorido coração, ela se foi, levando tudo de mim e deixando-me com um imenso e tenebroso vazio. De fato. Arrastei dois, tres, cinco, dezenas de caminhões. Mas não a procurei e nem permiti que houvesse a menor chance para que voltassemos. Simplesmente não me preocupo com o quanto isso me custou e quantas rugas se formaram em meu rosto e quanto cabelo desandou de minha atormentada cabeça e quantos pedaços ficaram faltando no meu coração e o quanto de minhalma foi reduzido. As decisões de vida, são definitivas, mas por vezes, cruéis para com quem as toma. E, certamente, pior seria se assim não o fosse.

2 comentários:

Ernesto von Ruckert disse...

Penso diferente. Não acho válidas decisões definitivas e nem baseadas no orgulho. Não estou falando em se humilhar, mas em nunca desistir e nem fechar as portas para uma reconciliação. "Bater o pé", em geral, é causa de infelicidade. Se há amor, as portas têm que estar abertas para acolhê-lo a qualquer momento. Rejeitar essa possibilidade por orgulho é apostar na garantida de infelicidade, enquanto permanecer aberto ao prosseguimento de um envolvimento interrompido é contar sempre com a possibilidade de ser premiado na loteria, porque se faz o jogo.

pedro zeballos disse...

Professor, não foi orgulho não. Me humilhei muito mais negando do que indo atrás. Acontece que sou um tipo meio esquisito mesmo. Talvez seja por isso que tenha resolvido viver só. Ninguém gostaria de conviver com um "esquisito" e é bom não forçar a barra. Quando a continuidade de um relacionamento está em colapso e em franca degeneração, é inútil insistir. Como eu disse no txt, pode ser bem pior e certamente o será, dado que o relacionamento é como vidro: quebrou, não há como juntar os cacos e fazer um novo.