segunda-feira, 23 de abril de 2012

Perdao!


Remexendo meus guardados, encontrei essa carta onde, tacitamente, peco perdao a todas as criancas deste mundo. 


Querido João Hélio:

    Não precisa chorar. Já passou. Neste momento, vc está nas mãos do papai do céu, não é mesmo, anjo? Devolvemos você, na plenitude da pureza e da inocência, para o céu, de onde um dia você saiu para nos brindar com a sua presença e bonita companhia.
    Joãozinho, neste momento, tem muita gente orando por você em todos os cantos deste mundo. Um mundo que você mal conheceu e que lhe devolveu uma insensatez infinita, violando a sua inocência e maculando a sua pureza, com muita dor, espanto e desespero.
    Tudo o que aconteceu foi muito de repente, as pessoas que magoram você e provocaram essa tragédia, estão próximas de uma bestialidade que contradiz a natureza humana e que afronta a bondade divina. São homens maus que nem sabe porque são maus.
    Na condição de ser humano, me julgo capaz de representar a minha espécie, para vir humildemente à sua presença, João Hélio, pedir desculpas. Pedir o seu perdão.
    É comum a nós, humanos, cometer violências como esta, desde tempos imemoriais e desde que um dia, do gólgota, aquele outro ser divino também violentado, pediu ao Pai para perdoar-nos, porque não sabíamos o que estávamos fazendo. É verdade, João Hélio. Nós não sabemos mesmo o que fazemos, quando alimentamos um mundo onde a crueldade é considerada um predicado, onde a insensibilidade é a tônica do dia e onde a indiferença deixa os monstros serem criados livres e soltos, para a qualquer momento nos fazer chorar.
    Menininho, perdoa não só os homens maus que fizeram você sofrer, mas aos homens que permitiram que a maldade crescesse e se esparramasse por este mundo. Quando papai do céu manda para nós um menino como você, trata-se de um recado de que Deus ainda quer confiar nas pessoas. Mas parece que o que fizeram com você é um tapa no rosto de Deus, é a negação da bondade, é a maldade pela maldade, nada mais importando, é o começo do suicídio da humanidade.
    Você foi para o céu levando um susto enorme, um medo horrível, muita dor, uma dor demasiado grande, dependurado naquele carro.  Mas creia, susto maior estão tomando as pessoas, ao verem que até você foi levado no meio dessa violência toda.
    Na roda viva de todos os dias, as pessoas estão muito ocupadas para medirem as conseqüencias daquilo que elas fazem e daquilo que elas não fazem.
    Esses homens maus que fizeram você sofrer, são produto de outros homens maus, que por sua vez, resultam da existências de outros homens maus e que fazem coisas erradas sem se importarem com os resultados. Em volta desse povo ruim, está outro tipo de gente, tido com pessoas boas, que nem liga para nada e deixa as coisas acontecerem.
    Um sábio já disse uma vez que o grande mal deste mundo não são as pessoas ruins, mas sim as pessoas que permitem a maldade. Afinal, a sua partida deste mundo de forma trágica, Joãozinho, é um aviso de Deus de que todos nós vamos muito mal e que há algo muitíssimo errado que, por nossa própria natureza, não queremos realmente enxergar.
    Um beijo, querido, e que mais uma vez você nos perdoe e que Deus, em sua infinita sabedoria, nos ensine a cada dia mais e mais a deixar de lado o egoísmo, amar o próximo e fazer deste mundo, um lugar melhor para se viver.
    Desculpe, garoto. Perdão.

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